Polícia Civil investiga casos de aplicação falsa de vacina contra covid-19 em três municípios do Rio
Petrópolis se junta à lista de municípios do Estado onde a Polícia Civil investiga a aplicação falsa da vacina contra a covid-19. A medida foi tomada após a circulação de imagens que colocam em suspeita a vacinação em locais diferentes – na capital, em Niterói e agora mais recentemente, em Petrópolis. O erro na aplicação da dose do imunizante, que no município ocorreu com idosa de 94, pode configurar crime de peculato.
“Se as investigações confirmarem que houve desvio de dose, ou qualquer outra irregularidade, o profissional de saúde poderá ser autuado pelo crime de peculato, que tem penas que podem chegar até a 12 anos de reclusão”, disse em nota, a Polícia Civil.
O crime de peculato é definido como aquele em que o funcionário público se apropria de “dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.” Um exemplo clássico disso na política é a chamada “rachadinha”, quando um deputado, por exemplo, recebe dinheiro desviado de seus assessores.
Nos últimos dias, as secretarias de Saúde de Goiânia, em Goiás, Maceió, em Alagoas, e Manaus, no Amazonas, revisaram os procedimentos para evitar falhas na aplicação de doses da vacina depois que denúncias parecidas foram feitas.
As suspeitas sempre começam quando familiares de idosos que foram se vacinar estranham o movimento feito pela pessoa que está aplicando a dose. Em um dos casos investigados, por exemplo, o profissional de Saúde nem sequer aperta o êmbolo da seringa.
Em Petrópolis, a reportagem da Tribuna de Petrópolis repercutiu o caso alarmado em vídeo que circulou na rede social e chocou a população no último sábado (13), que mostra a técnica de enfermagem com dificuldades para abrir a seringa. A profissional decide trocar o recipiente e quando volta para o veículo, onde a idosa aguardava ser atendida, aplica a injeção vazia. A técnica de enfermagem, que após o ocorrido foi afastada, chega a simular que pressiona o êmbolo para aplicar o líquido, que não existia na seringa.
O caso tomou grande proporção e, além da sindicância administrativa aberta pela Secretaria de Saúde e da Polícia Civil da 105ª DP também investigar, os ministérios públicos Estadual e Federal, agora também analisam o caso da vacina vazia. Os MPs já trabalhavam em investigação no início de fevereiro, quando surgiram denúncias de fura-fila da vacinação na cidade, ocorridas principalmente no Hospital Alcides Carneiro (HAC). A OAB anunciou, nesta segunda (15), que vai designar uma comissão para acompanhar todas as investigações.
A Prefeitura de Petrópolis informou, nesta segunda-feira (15) que está reforçando junto às equipes os protocolos a serem seguidos durante o trabalho de aplicação das doses contra a covid-19. A técnica de enfermagem, que aplicou a vacina vazia na idosa de 94 anos, se apresentou nesta segunda (15) para prestar esclarecimentos para a Secretaria de Saúde e, “garantiu que não percebeu o problema e assegurou que não foi intencional, mas sim um problema com a seringa”. A também vai prestar esclarecimentos na 105ª Delegacia de Polícia Civil.