Só com medidas efetivas para evitar aglomerações será possível evitar colapso na rede de saúde, diz especialista
“Só com medidas efetivas para evitar aglomerações será possível evitar um colapso na rede de saúde”. O alerta é do infectologista Marco Lisserne, que demonstra preocupação com o aumento dos números de casos de covid-19. Ele diz que é essencial manter o uso de máscaras e do álcool em gel e pede maior fiscalização da prefeitura em relação ao cumprimento das regras sanitárias.
A cidade vem registrando aumento na quantidade de casos de covid-19, o que ocorre na mesma velocidade em que vem crescendo as aglomerações. “Se não tiverem medidas realmente efetivas para evitar as aglomerações e fazer com que as pessoas mantenham o distanciamento social não há como ser otimista. O que estamos vivendo agora nunca foi visto desde o início da pandemia”, alertou o infectologista. “Parece que as pessoas não estão tendo consciência da gravidade da situação e dos riscos. Os hospitais estão lotados e a situação vai piorar em janeiro se nada for feito”, ressaltou, lembrando que muita gente acaba levando o vírus para dentro de casa, infectando os idosos, que são mais suscetíveis à doença.
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Para quem precisa trabalhar diariamente é quase impossível manter o distanciamento social dentro do transporte coletivo. A Tribuna vem recebendo denúncias e relatos de usuários que constantemente têm que entrar em ônibus lotados. “Tem motorista que ainda respeita a regra e impede que mais alguém entre quando chega na ocupação exigida, mas nem sempre é assim, principalmente nos horários da manhã e à noite, quando a demanda é maior e a quantidade de ônibus é insuficiente”, disse o bancário Eduardo Rodrigues, de 50 anos.
Segundo o infectologista, o risco para quem anda em um ônibus lotado é o mesmo de quem está aglomerado em lojas, supermercados, bares, restaurantes e em festas. “O distanciamento social é fundamental para controlar o aumento dos casos. Pegar ônibus lotado ou estar aglomerado dentro de um estabelecimento traz riscos”, ressaltou o especialista.
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Os problemas no transporte público na cidade vêm sendo discutidos desde o início da pandemia pelos ministérios públicos Federal e Estadual. Uma ação foi aberta na 4ª Vara Cível para que as empresas de ônibus retornem com a circulação de 100% da frota, mas ainda não há uma determinação da Justiça.
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Petrópolis (Setranspetro), atualmente o sistema está operando com 75% dos carros. Ainda de acordo com o sindicato, existem linhas que operam com 100% dos veículos e horários realizados antes da pandemia e outras linhas estão com 80%.
Em nota, o sindicato informou também que “o Sistema de Transporte de Petrópolis enfrenta a maior crise econômica e financeira de todos os tempos, que gerou um prejuízo acumulado de mais de 36 milhões, entre os meses de março e outubro desse ano. Os valores arrecadados pelos passageiros pagantes na roleta não são suficientes para custear as despesas mais básicas, como folha de pagamento e compra de óleo diesel, e, por esta razão, o Setranspetro vem alertando a todos sobre o risco iminente de um colapso. Para o Setranspetro, é necessário incluir o transporte coletivo no orçamento público, para não taxar apenas quem paga pela tarifa. Ainda assim, como compromisso de realizar a sua prestação de serviço para a população, a frota segue com operação superior à demanda atual”.
A Tribuna também questionou a Prefeitura sobre as medidas que estão sendo adotadas para conter as aglomerações nos coletivos. Em nota, o governo municipal informou que “a CPTrans atua diretamente para regularizar a oferta e demanda da frota de ônibus da cidade desde o início da flexibilização. A CPTrans cobra, principalmente em horários de pico, o atendimento da demanda das empresas de ônibus. Vale destacar que a CPTrans também cobrou o reforço na operação de diversas linhas, com destaque para os troncais que atendem os distritos. Todas as decisões relacionadas às linhas em operação são feitas com embasamento técnico, que correlaciona a demanda e procura pela mesma ao longo de todo o dia. Quando existe uma deficiência, a CPTrans realiza a regularização da oferta nos horários necessários”.
Ainda segundo a Prefeitura, desde do início da reabertura do comércio, a CPTrans já fiscalizou 3,5 mil ônibus, para verificação do cumprimento das recomendações da Nota Técnica que restringiu o total de usuários por viagem, uso obrigatório de máscara facial pelos usuários e tripulação e manutenção da ventilação interna dos veículos por meio de abertura de janelas e escotilha de teto. A partir da emissão da nota técnica foram promovidas 27 operações até o momento. A população pode encaminhar as denúncias pelo telefone 156 ou pelo site da CPTrans.
Sobre as ações de conscientização e fiscalização, a Prefeitura frisou que vem intensificando a operação Choque de Ordem nas ruas do Centro e nos bairros. Além disso, a prefeitura ampliou, ainda, as ações de conscientização da população através de carros de som em ruas e bairros da cidade, e com mensagens nas redes sociais da prefeitura.