• Petrópolis registra aumento no aparecimento de cobras; oito pessoas já foram picadas

  • 31/mar 08:17
    Por Maria Julia Souza I Foto: Glauco Zeferino/Arquivo Pessoal

    Moradores de diferentes localidades de Petrópolis têm relatado um aumento no aparecimento de cobras na cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, foram contabilizados 110 acidentes com animais peçonhentos no município. Desse número, oito foram envolvendo serpentes. 

    O biólogo Glauco Zeferino explica que o aumento das ocorrências envolvendo animais peçonhentos, principalmente em relação às cobras, pode estar relacionado a fatores como a expansão urbana, que tem avançado sobre as áreas naturais, reduzindo o habitat das serpentes e as forçando a procurar novos locais para se abrigar e se alimentar. “Além disso, o desmatamento e as mudanças no clima podem alterar a disponibilidade de presas, fazendo com que esses animais fiquem mais ativos e se desloquem para as áreas habitadas”, explicou. 

    Ainda de acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde, ao longo de 2024, 307 animais peçonhentos, sendo lagartas, aranhas, escorpiões, lacraias e serpentes foram recebidos pela Vigilância Ambiental. Desse número, 82 eram serpentes peçonhentas. Já em relação aos acidentes com esses animais, no mesmo ano foram registradas 316 ocorrências, sendo 22 delas envolvendo serpentes. 

    “Conforme nós vamos desmatando, animais que são de área aberta, como as cascaveis, vão se aproveitando. É como se aquela mata fosse uma proteção, um muro. E conforme nós vamos tirando essa proteção, as serpentes vão invadindo”, ressaltou o biólogo.

    Regiões com mais incidência de casos

    O especialista explica ainda que as ocorrências envolvendo animais peçonhentos são mais comuns em áreas de transição entre mata e espaços abertos, como terrenos baldios, chácaras, locais próximos a reservas ambientais e regiões onde está havendo expansão urbana. 

    “Um exemplo, já viu quando você vai na casa de uma pessoa, que tem um campo de futebol, tem a piscina, tem, enfim, uma chácara, um sítio, e em volta é aquela mata fechada, um lugar bonito. Geralmente esses locais são as áreas de transição que a gente fala. É um local em que a pessoa mora muito próximo à mata, sendo que a casa dela não tem mata, não tem árvores, não têm os predadores da serpente. E um predador muito eficaz contra as serpentes são os gambás, mas as pessoas matam os gambás. No entanto, vale lembrar que eles são imunes a serpentes e eles se alimentam delas [serpentes]. Então é importante manter esses animais para que a gente tenha um equilíbrio”, explicou Glauco. 

    Cuidados necessários

    O biólogo reforça alguns cuidados necessários para evitar ser picado por animais peçonhentos:

    • Evitar caminhar em áreas de vegetação alta sem proteção adequada, como bota, calça e perneira;
    • Pessoas que moram em casas, é fundamental que sempre mantenham o quintal limpo, sem entulho, sem acúmulo de materiais que possam servir de abrigo para as serpentes;
    • Se encontrar um animal, não tente capturar ou matar. O ideal é afastar e acionar um órgão ambiental responsável para a remoção segura do animal.

    Em caso de picada, o biólogo explica que, no primeiro momento, é necessário manter a calma e evitar se movimentar ou mexer na área afetada, além de não colocar nenhum produto no local da picada. “Se a pessoa se desespera e pensa ‘vou correndo até o hospital’, o batimento cardíaco aumenta, porque ela está aumentando o movimento dela. E com isso, o sangue está rodando com maior velocidade dentro do corpo. Consequentemente, a peçonha da serpente está rodando também com maior velocidade no corpo da pessoa. Então o ideal é tentar, de forma mais calma, procurar ajuda para ser encaminhado para uma unidade de saúde”, explicou. 

    Glauco ainda ressalta a importância de pedir ajuda para encaminhar a vítima ao hospital. “Se tentar ir sozinho, a pessoa pode desmaiar, pode acontecer alguma coisa e não conseguir informar o médico o que aconteceu, ou na rua, ou no momento que ela estiver chegando. Então o ideal é que vá sempre acompanhado, explicar para a pessoa o que aconteceu e se conseguir identificar características do animal, ajuda muito”, ressaltou o biólogo. 

    Locais de atendimento

    Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em caso de acidente com cobras, o município agora disponibiliza duas unidades de referência que estão abastecidas com o soro antiofídico para atender esses casos: na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascatinha e na Unidade pré-hospitalar do distrito de Pedro do Rio.

    Já os resgates de serpentes são feitos pelo Corpo de Bombeiros e, neste caso, a população deve ligar para o 193.

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