• Ibovespa tem leve alta, a 6ª seguida, acompanhando de longe forte ganho de NY

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  • 22/fev 18:36
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    O Ibovespa estendeu a série positiva pela sexta sessão, em sua mais longa sequência de ganhos desde junho do ano passado, quando avançou sete vezes entre os dias 1º e 12. Assim, conservou a linha dos 130 mil pontos, em alta tímida como a de ontem, hoje de 0,16%, aos 130.240,55 pontos, com giro a R$ 22,6 bilhões. Na semana, o índice da B3 sobe 1,18% e, no mês, ganha 1,95% – no ano, ainda recua 2,94%.

    Na mínima, no meio da tarde, o índice marcava -0,05%, a 129.970,80 pontos, saindo de máxima a 130.829,45 e de abertura a 130.034,97 na sessão. Parte do setor metálico, em especial Vale (ON +1,07% no fechamento), a ação de maior peso no índice, impediu mergulho maior do Ibovespa quando o índice testou baixa à tarde – mas a perda de força dessas ações, no fim da tarde, também impediu alta maior.

    Além disso, a performance do índice da B3 nesta quinta-feira – muito distante do entusiasmo em Nova York sobre inteligência artificial e resultados da Nvidia, que aceleraram em especial o Nasdaq (+2,96%) e o S&P 500 (+2,11%) – foi contida por Petrobras (ON +0,07%, PN -0,75%), na contramão dos preços do petróleo na sessão, e pelo desempenho das ações de grandes bancos, na maioria em baixa no encerramento, à exceção de Bradesco PN (+0,57%). Pesou sobre as ações da Petrobras “decisão do Carf Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de manter cobrança de R$ 9,18 bilhões referente à Cide”, diz Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed.

    No cenário externo, ontem à noite, a Nvidia – considerada uma das empresas mais bem posicionadas quanto à disruptiva inovação proporcionada pela inteligência artificial – reportou lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre fiscal, alta de 769% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, reporta Bruna Camargo, do Broadcast. A receita subiu 265% na comparação anual, ao nível recorde de US$ 22,10 bilhões. Hoje, as ações da Nvidia subiam em torno de 15%, à tarde, impulsionando os principais índices de ações em Nova York.

    “O forte crescimento da Nvidia é considerado um indicativo da força mais ampla da IA. A Nvidia diz que estamos em ponto de inflexão da IA – e ser capaz de respaldar isso com fortes lucros está sendo considerado positivamente para as ações de tecnologia”, observa em nota Richard Clode, gerente de portfólio de tecnologia na Janus Henderson Investors, acrescentando que o “debate de mercado em torno da Nvidia, desde meados de 2023, tem sido mais sobre a trajetória de crescimento em 2025, e nos anos seguintes, do que sobre os resultados muito sólidos de hoje”.

    Na B3, por outro lado, com a exposição a commodities e a empresas tradicionais, como os grandes bancos e as de varejo e consumo, o desempenho foi bem mais tímido nesta quinta-feira, ainda muito correlacionado a expectativas para a economia chinesa, grande consumidora de matérias-primas, e ao comportamento dos juros americanos, que devem levar mais tempo para começar a cair, observa Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.

    “O Ibovespa tende a se manter nessa faixa de 128 a 130 mil pontos, e hoje conseguiu subir em especial pelo suporte proporcionado por Vale, antes da divulgação do balanço trimestral após o fechamento desta quinta-feira, com expectativa concentrada em fatores como dividendos e provisões”, acrescenta Harada.

    “Houve bom humor lá fora com o resultado da Nvidia, em dia mais tranquilo, também, para os rendimentos dos Treasuries, que têm sido um fator monitorado de perto pelo mercado”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

    De forma geral, “o cenário está mais calmo – inclusive no plano doméstico, no que tange aquela questão da reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia, proposta pelo governo”, acrescenta Moliterno. “Esse cenário mais calmo e sem grandes notícias – no sentido da não notícia é boa notícia – contribui também para o fechamento da curva de juros doméstica, ajudando principalmente as ações de empresas com exposição à economia local.”

    Assim, na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para nomes do varejo, como Magazine Luiza (+7,65%) e Casas Bahia (+4,68%), além de Braskem (+6,35%), Hapvida (+5,60%) e Telefônica Brasil (+4,77%). No lado oposto, Pão de Açúcar (-6,79%), Weg (-3,17%), JBS (-2,57%) e Cogna (-2,40%).

    “Tem havido um pouco mais de fluxo para as empresas da economia doméstica. Desde 14 de fevereiro, há uma recuperação nas small caps, com alta de 4% para o índice dessas empresas de menor capitalização – que vinha bem atrás do Ibovespa nas últimas semanas -, o que o coloca em uma velocidade um pouquinho maior. Há uma expectativa de que essas empresas de menor capitalização sejam reprecificadas na Bolsa, na medida em que se acumularam descontos”, diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

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