A fila de espera para uma vaga em unidades de Terapia Intensiva (UTI) não-covid na rede pública de Saúde em Petrópolis levou a Defensoria Pública a cobrar da Prefeitura explicações sobre a falta de leitos. Na sexta-feira (2), 15 pessoas esperavam por uma transferência. O governo municipal tem 10 dias para responder os questionamentos da Defensoria.
Na quarta-feira (30), a fila de espera por um leito de UTI contava com 17 pacientes e na quinta (1) eram 12 pessoas. De acordo com a defensora pública Andréa Carius, os pacientes que estão nessa fila tem entre 37 e 81 anos e boa parte deles tiveram AVC. A média de espera na fila por uma vaga é de quatro dias.
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“São pacientes graves, de alto risco, que quanto mais tempo esperam por uma vaga mais sua condição de saúde pode agravar. Essa falta de vagas de UTI já vinha acontecendo bem antes da pandemia, assim como a falta de leitos clínicos também”, disse a defensora. Segundo ela, de quarta a sexta-feira dessa semana foram ajuizadas 10 ações para internação de pacientes em UTIs.
No ofício entregue à Prefeitura, a Defensoria Pública cobra informações sobre o motivo de haver tantas pessoas na fila por uma vaga de UTI, se há intenção em aumentar o número de leitos e como será feita a prestação de serviços de saúde para esses pacientes. O documento foi protocolado na sexta-feira.
“O que nós percebemos nessa fila, observando o perfil dos pacientes, é que alguns deles têm o quadro agravado dentro das emergências enquanto aguardavam vaga para clínica médica ou cirúrgica. Isso mostra que essas pessoas estão agravando ainda nas urgências devido a falta de tratamento adequado”, comentou a defensora. “É preciso que o município também reveja a quantidade de leitos de clínica médica que no momento não atende a quantidade de pacientes da cidade”, acrescentou.
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A defensora explicou que se a fila continuar grande e dependendo do que for respondido pela Prefeitura, o caso será encaminhado para o Núcleo de Tutela Coletiva da Defensoria Pública para que adote um Termo de Ajustamento ou uma Ação Civil Pública. “A situação é desesperadora”, frisou Andréa Carius.
Questionada, a Prefeitura informou que vem desde o início do ano trabalhando de forma a atender a demanda tanto de pacientes com covid-19 quanto dos demais, com outras enfermidades. Com a queda progressiva e sustentada na taxa de ocupação de leitos de UTI de covid-19 desde junho, a Secretaria de Saúde vem reestruturando os leitos, para a ampliação de vagas de UTI para a internação de pacientes não covid, visando atender a demanda de internações, que vem crescendo. No início do mês passado a Secretaria de Saúde fez o redimensionamento de parte dos leitos do Hospital Alcides Carneiro, o que permitiu que 10 leitos de UTI voltassem a receber pacientes não covid. Dentro das ações de reestruturação também foram revertidos 15 leitos do Hospital Clinico de Correas (HCC), antes destinados a pacientes com covid-19.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a Secretaria de Saúde está atenta a demanda por internações, com monitoramento permanente dos casos de covid-19, bem como sobre a demanda para atendimento a pacientes não covid, e estuda implementar novas reestruturações visando ampliar os leitos para pacientes não covid. “A Secretaria de Saúde segue trabalhando para equacionar os atendimentos a pacientes covid e aqueles cujos casos não são relacionados a doença.”