• Exposição coletiva “Sob as Jaqueiras”, no Vale do Cuiabá, exalta o trabalho artístico e poético de diversas mulheres da região

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  • Por Aghata Paredes

    No próximo sábado (16), às 15h, a Estação Jaqueira vai apresentar mais uma de suas exposições. Desta vez, o público interessado terá a chance de prestigiar a pluralidade dos trabalhos de quinze artistas de Petrópolis: Aline Klem; Ana Rondon; Andréa Loyola; Catita Raposo; Daniela Versiani; Denise Campinho; Fefa Reis; Gardenia Lago; Josiana Oliveiras; Lenice Reis; Luci Amaral; Nietta Monte; Thais Senra; Teresa Salgado e Vera Patury. Além disso, também estarão presentes os coletivos Flor de Barro e Casinhas

    Segundo Nietta Monte, idealizadora da Estação Jaqueira e também uma das artistas da mostra, a proposta é incentivar a aproximação entre as sensibilidades artísticas e os seres e saberes do espaço da Jaqueira: elementos da fauna e flora local, mas também do projeto educativo e socioambiental em construção junto à comunidade local.

    Foto: Divulgação – Um momento de criação artística e descontração de Nietta Monte, idealizadora e fundadora da Estação Jaqueira.

    Leia também: Estação Jaqueira: espaço integra arte, cultura e práticas de educação ambiental no Vale do Cuiabá 

    Com curadoria de Carlos Feijó e Ana Teresa Prado, Sob as Jaqueiras trata de algumas questões fundamentais em diálogo com a arte, a natureza e a própria educação. Juntas, as quinze artistas mulheres se inspiram na natureza, em meio à Mata Atlântica de Petrópolis, explorando linguagens distintas, cada uma à sua maneira. 

    “Símbolo de resiliência e de vida, as jaqueiras dão nome ao espaço e participam também no título da exposição. Generosas, nos acolhem e germinam novos encontros. À beira da estrada Ministro Salgado Filho, a Estação Jaqueira é um convite para aqueles que, aqueles que passam deem uma pausa para outros caminhos e novos hábitos em suas rotinas.”, conta Carlos Feijó, idealizador e um dos curadores da exposição.

    “Estamos lidando com diversas questões, através do trabalho dessas artistas e da proposição dos coletivos, na exposição. O Vale é uma região que foi devastada por uma enxurrada em 2011. Isso causou diferentes desastres, no sentido mesmo de destruição de casas, de perdas de parentes, de famílias e de afetos. É um aspecto muito sensível. Então, são 15 mulheres que moram na serra, seja na região do Vale do Cuiabá, de Itaipava ou Araras, e que lidam com essa natureza diariamente. Seus trabalhos, portanto, refletem esses tempos e ciclos da natureza, abordando também o aspecto geográfico da Estação Jaqueira, desse lugar que foi devastado, mas que está em momento de desenvolvimento e que segue, digamos assim…ou, melhor dizendo, aprende com a própria natureza desse renascer.”, relata Ana Teresa Prado, curadora convidada.

    Foto: Divulgação – O sorriso estampado do idealizador e um dos curadores da exposição, Carlos Feijó, Jonas Araújo, produtor executivo, e Ana Teresa Prado, curadora.

    Entre memórias, desejos e afeto

    Durante a exposição, que ficará disponível até março de 2024, serão propostas diversas atividades na Estação Jaqueira. Uma delas está relacionada ao trabalho do coletivo Flor de Barro, sob coordenação da artista Catita Raposo. Formado por mulheres, o coletivo molda no barro memórias de tudo o que foi vivido na tragédia do Vale do Cuiabá, mas também aquilo que é objeto de desejo. “Isso está relacionado à perda de parentes e à perda também de suas casas. Tudo isso é trabalhado e modelado nas oficinas. Na exposição, vamos encontrar a planta baixa de casas que elas desejam modelar na realidade, digamos assim.”, conta Ana Teresa Prado. Ao longo da exposição, o público vai acompanhar a planta baixa dando lugar às casas idealizadas pelas participantes do coletivo, tudo a partir do barro.  

    Foto: Divulgação

    O coletivo Casinhas também foi formado para a exposição, sob a coordenação de Taís Senra, através do projeto de pintar o espaço-sede do condomínio que foi criado para moradores do Vale do Cuiabá. 

    Durante a permanência da exposição, Taís ministrará oficinas de tinta gel, feita a partir da própria terra da Estação Jaqueira. “A tinta produzida será usada pelo grupo para a pintura da fachada do espaço-sede da comunidade, com ícones da figura de São Miguel Arcanjo, santo que nomeia o condomínio criado para os moradores que perderam suas casas. Para a exposição, nesse momento, serão expostas as terras coletadas, matéria-prima utilizada na produção das geotintas, e a foto da fachada do espaço-sede que receberá a pintura.”, explicam os curadores.

    Foto: Divulgação – Thaís Senra com as mãos na massa.

    Ao realizar a exposição Sob as jaqueiras, a equipe acredita que, na relação com a natureza, a arte se reinventa e extrapola seus estatutos e definições. “Num mundo que carece das vivências da coletividade, surgem emergências e insurgências da sábia natureza. No ir e vir das trocas entre saberes cultivados na Estação Jaqueira, dinâmicas e diálogos são criados e a experiência da arte se reinventa e é continuamente redefinida. E com ela aprendemos o significado de estar vivo, de ser pulsante, de se renovar e diariamente (re)nascer.”, conclui Carlos Feijó. 

    Para conferir mais informações a respeito da exposição ou ficar de olho nas atividades propostas durante sua permanência na Estação Jaqueira, acesse as redes sociais do espaço cultural: @estacaojaqueira2020

    Mais informações sobre a exposição Sob as Jaqueiras:

    Onde: Estação Jaqueira – Estrada Ministro Salgado Filho, nº 2.781, Vale do Cuiabá.

    Quando: Abertura: 16 de setembro (sábado), às 15h; disponível até março de 2024. 

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