Enquanto Comdep e Inea debatem falta de maquinário, leitos dos rios ainda estão assoreados por falta de mão de obra para dragagem manual
Na última semana, durante uma audiência sobre macrodrenagem, realizada pela 4ª Vara Cível e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), o presidente do Inea, Philipe Campello, e o presidente da Comdep, Leonardo França, disseram que a dragagem dos rios na cidade ainda não avançou como deveria porque o total de máquinas operando é inferior ao necessário. Por isso, 120 mil toneladas de detritos ainda estão nos leitos dos rios, a apenas três meses de outubro, quando termina o período de estiagem, expondo a cidade novamente a riscos.
Além de falta de maquinário, falta mão de obra, já que, segundo os presidentes do Instituo Estadual e da Companhia Municipal, em trechos do Rio Quitandinha que passam pela Rua Coronel Veiga, o trabalho de dragagem precisa ser feita manualmente, por causa de pontes e tubulações ao longo do rio.
Na visita desta sexta-feira (1º), realizada pelo juiz Jorge Luiz Martins, titular da 4ª Vara Cível, e técnicos especialistas, foi verificado que todos os trechos precisam receber exatamente a dragagem manual, cada um com suas peculiaridades para remover os detritos.
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Em uma ponte do Morin, por exemplo, acima do Rio Palatino, uma viga bem no meio do leito inviabiliza o trabalho de uma máquina. Já na Praça Pasteur, a largura limitada do leito também obriga que a dragagem seja realizada manualmente. Entretanto, nenhum trabalho foi iniciado nestes locais.
Uma das técnicas presentes na vistoria, a engenheira sanitarista, Diretora do Comitê Piabanha e Pesquisadora da Fiocruz, Rafaella Fachetti, destacou que é necessário fazer os trabalhos manual e com máquinas simultaneamente, em diferentes trechos, para que os sedimentos não continuem descendo.
“A maior parte dos rios só pode receber dragagem manual, e isso é muito necessário. Não adianta fazer (a dragagem) apenas com máquinas e sem planejamento, pois o trecho que deve ser manual e está assoreado pode levar o sedimento para onde já foi feita a dragagem com máquinas, assoreando novamente o local”, explicou Rafaella.
Um dos trechos da cidade que já passou por dragagens com máquinas foi a Praça da Confluência, no Palácio de Cristal, onde o Rio Quitandinha desemboca no Rio Piabanha. Poucos meses após os trabalhos, parte do leito já está assoreado novamente, evidenciando a necessidade de entrosamento dos trabalhos realizados.