• Assoreamento e redes de esgoto são principais problemas encontrados nos rios Palatino e Quitandinha

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  • Juiz Jorge Luiz Martins percorreu trechos apontados por técnicos para ampliar discussão sobre macrodrenagem

    02/07/2022 05:00
    Por João Vitor Brum

    O juiz Jorge Luiz Martins, titular da 4ª Vara Cível, realizou uma visita em trechos dos rios Palatino e Quitandinha nesta sexta-feira (1º), acompanhado por especialistas, Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e representantes da Prefeitura e do Estado. A visita foi realizada para que o judiciário pudesse identificar as causas das enchentes na cidade e buscar soluções, necessidades relacionadas à macrodrenagem, assunto que já tem sido debatido pela Justiça de Petrópolis há pelo menos nove anos e que ainda não recebeu ações efetivas do poder público. 

    Foram visitados trechos dos rios e seus afluentes no Morin, Centro, Quitandinha e Praça Pasteur, e tudo o que foi visto deve ser tratado em audiência marcada para a próxima segunda-feira (4) na 4ª Vara Cível. A visita foi marcada durante uma audiência realizada no último 23, quando o professor da Uerj Adacto Ottoni convidou o juiz e os presidentes da Comdep e do Inea para conhecer locais apontados como críticos pelos especialistas.

    “O objetivo dessa visita é vermos as causas do problema da inundação e o que pode ser feito para atacá-la com soluções ainda não discutidas no processo”, explicou Adacto.

    Compareceram à visita, além do juiz Jorge Luiz Martins, o promotor do MP José Alexandre Maximino, a engenheira sanitária Rafaela Facchetti, o engenheiro agrônomo Rolf Dieringer, além da equipe técnica do Gate/MPRJ, o Chefe de Serviço do INEA, Ricardo Rosado de Oliveira, acompanhado de técnicos do Instituto, e funcionários da Comdep e da Secretaria de Obras, além de uma equipe da Defesa Civil que solicitou a participação e também foi à visita.

    (Foto: João Vitor Brum)

    O presidente da Comdep, Leonardo França, não foi à visita e disse que foi por causa causa da reinauguração da Catedral São Pedro de Alcântara (uma obra federal). E o presidente do Inea, Philipe Campello, disse ter testado positivo para Covid no início da semana e não pôde comparecer. Vale destacar que o encontro desta sexta se tratou apenas de uma visita aos locais apontados pelos especialistas, sem teor de intimação.

    Conjunto de barragens diminuiria o fluxo do Rio Palatino

    O primeiro local visitado foi o Morin, no trecho conhecido como terço médio do Rio Palatino, na altura da Barragem Santa Helena, que fica no fim da Rua Doutor Wilman Medeiros de Vasconcellos. Ao longo de todo o local, há pedras de grande, médio e pequeno, parte delas estão no leito há décadas e outras que desceram com as chuvas recentes. 

    As pedras de pequeno e médio porte são motivo de preocupação pois podem seguir pelo caminho do rio até chegar ao Túnel Extravasor, onde podem danificar as paredes da estrutura – como parece já ter acontecido.

    (Foto: João Vitor Brum)

    Estruturas de concreto e canos deixados no leito do rio também foram apontados pelos especialistas, assim como uma grande quantidade de bananeiras plantadas às margens do Palatino, o que reduz ainda mais a vazão da água. 

    No local, o engenheiro civil e professor da Uerj, Adacto Ottoni, apontou que a criação de um conjunto de barragens no local poderia ser uma solução para evitar que o fluxo da água que segue pelo rio seja tão grande quanto o atual.

    “Criar um conjunto de barragens poderia ser uma das soluções e é algo que vamos apresentar ao Inea para que seja avaliado. Com uma série de barragens neste local, em uma chuva forte de, por exemplo, meia hora, a água vai passando por cada uma das barragens e, quando finalmente chega à calha do rio, a chuva já acabou”, explicou Ottoni.

    Pelo menos dois outros trechos do Rio Palatino, ainda no Morin, foram visitados pelo grupo, que pontuou a necessidade de dragagem nos locais, mesmo que de forma manual. 

    Já na entrada do Túnel Extravasor, no Centro, o dano à estrutura e o assoreamento do rio no trecho ao lado do Terminal Imperatriz Leopoldina gerou muita preocupação entre os especialistas.

    Em um trecho, mostrado pela Tribuna na última semana, o único trabalho que foi feito até agora foi o de capina na areia acumulada no leito do Rio Palatino, sem que os detritos fossem removidos. De acordo com representantes do município presentes na visita, o trabalho foi feito pela Comdep. 

    Já no Quitandinha, no trecho em que o Rio Cremerie desemboca no Rio Quitandinha, uma série de problemas foram apontados pelos especialistas, como falhas nas tubulações e o alto nível de assoreamento presente no local. 

    Na Praça Pasteur, último local da visita, a rede de esgoto, que corta o leito de um afluente do Quitandinha que corta a Rua Olavo Bilac, foi o principal problema encontrado – além, claro, do assoreamento, um cenário encontrado em praticamente toda a extensão dos corpos hídricos da cidade. Parte do esgoto é despejada ao ar livre, sem nenhum tipo de tratamento e sendo despejado em outro afluente do Rio Quitandinha. 

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