Empresários se reinventam e apostam na transformação digital para enfrentar os efeitos da pandemia
O fechamento do varejo nestes dois meses de distanciamento social trouxe impactos significativos para a economia e para a rotina do comércio e indústria. Algumas empresas tiveram que se reinventar para garantir as vendas nesse período. E a crise gerada pelo novo coronavírus se transformou no pontapé inicial para uma transformação digital.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), mostra que o consumo dos brasileiros no e-commerce aumentou 47% em abril. Empresas que antes utilizavam apenas as redes sociais como ferramentas para divulgação da marca e vendas, estão optando por sites exclusivos ou os marketplaces, que têm sido um facilitador nas vendas para as micro e pequenas empresas na internet
“Trabalho com revenda para o Brasil todo e descobri um mercado que nem sabia que tinha: o petropolitano. Na loja física não temos esse controle, até porque na Rua Teresa vem muita gente de fora. Oferecemos o delivery grátis e foi bacana. Foi surpreendente a venda para Petrópolis”, disse a empresária Eliane Elfrida, proprietária da Loja Liz Bonita.
A empresa já tinha os perfis no instagram, mas a venda na plataforma online foi fundamental para que não parasse totalmente nestes dois meses. Na Rua Teresa, principal polo de moda em Petrópolis, muitos empresários vem sofrendo com a crise gerada com o fechamento total do comércio. E a proposta online se transformou em uma impulso para captação de outros clientes.
“Não tivemos suporte nenhum do governo, nenhum respaldo. Tudo que saiu foi com muita burocracia. Tivemos que nos reinventar sem suporte nenhum. Vamos sair dessa muito lesionados, com dívidas. O mercado mudou. Falando de pandemia, é um vírus para o qual não tem vacina. Não cabe mais não trabalhar assim. Foi necessária a inclusão no mercado digital. O mercado online nunca mais vai mudar, retroagir. O futuro é a venda online”, disse Eliane.
Segundo a análise Consumo no Contexto Covid-19, elaborada pela Divisão de Pesquisas Institucionais da Firjan, os hábitos de compra e consumo passaram por transformações bastante significativas desde o início do isolamento social.
A adoção do home office, as aulas on-line e a necessidade de assumir tarefas cotidianas provocaram impacto na rotina diária de 47% dos entrevistados, e um aumento de significativo de compras on-line: de 19% em março para 34% em abril. Muitos consumidores tiveram a primeira experiência com e-commerce e para 54% deles a experiência foi mais positiva do que na loja física.
Leia também: Presidente do Sicomércio: hora de reabrir sendo responsável para evitar o desemprego
“Analisamos dados que já foram levantados por institutos de pesquisa e entidades de classe para entender o cenário do consumidor e reunir informações para ajudar empresários na tomada de decisões”, explica Adriana Kanitz de Figueiredo, especialista da Divisão de Pesquisas Institucionais da Firjan.
Este novo cenário, conforme a gerente de conteúdo da Casa Firjan, Maria Isabel Oschery, reforça a necessidade de transformação digital das empresas, movimento que já estava em curso, mas que foi acelerado pela pandemia. “Especialistas dizem que tendências previstas para daqui cinco anos já estão sendo implementadas. A partir de agora, tudo o que poderá ser feito virtualmente, será e isso inclui compras, reuniões de trabalho, serviços de banco, telemedicina e até ginástica”.
Nesse contexto, complementa, o grande desafio das empresas não será mais o ingresso no meio digital, mas sim o aprimoramento da experiência virtual dos usuários. “Não se pode mais discutir a volta à normalidade. O momento, agora, pede que os líderes pensem quais serão os próximos passos e aqui reforço a análise de dados como uma ferramenta fundamental para criar boas estratégias de marketing e ajudar os usuários na tomada de decisão.” O investimento em processos internos para operacionalizar o cenário digital também será crucial para ampliar a performance das companhias. “É mais sobre talentos do que sobre tecnologia”, finaliza Maria Isabel.
Leia também: Incertezas sobre a retomada das atividades tiram o sono de patrões e empregados