Incertezas sobre a retomada das atividades tiram o sono de patrões e empregados
O adiamento da reabertura das atividades que estão na chamada linha amarela, anunciado pela Prefeitura seis dias antes da data inicial prevista, deixou um clima ainda maior de incertezas com relação à retomada econômica. Há mais de 70 dias, comércio e serviços estão com as portas fechadas. Neste período de pandemia do Covid-19, o faturamento das empresas despencou (quando não zerou). Quem sobreviveu ao baque inicial fez cortes, demitiu e reduziu os gastos, mas ainda teme a falência.
Entre os empresários, o clima é de medo. “Se não pudermos abrir no dia 15 vai ser impossível manter os empregos dos que ficaram. Não conseguiremos por mais tempo”, disse José Moreira, dono de uma loja de sapatos na Rua do Imperador, no Centro. O estabelecimento existe há 33 anos, mas, após quase três meses fechado, está cada dia mais difícil sobreviver. “No primeiro mês ficamos totalmente zerados, sem nenhum faturamento. Depois iniciamos as vendas online. Está difícil, mas estamos conseguimos, até agora, ao menos garantir os salários dos vendedores”, comentou.
As sapatarias estavam na linha amarela e deveriam abrir na próxima segunda-feira (8), mas, agora, só poderão retornar as atividades no dia 15. “Não estamos tão certos que poderemos abrir no dia 15 e nem sabemos como será daqui para frente. Temos visto uma grande quantidade de pessoas nas ruas. É como se só o comerciante fosse prejudicado”, lamentou o empresário.
O sentimento de incerteza também faz parte do dia-a-dia do tatuador Rafael Sixel, o Babu. O estúdio em que trabalha, na Rua 16 de Março, foi um dos primeiros a fechar as portas, ainda em março, quando os primeiros casos de coronavírus foram registrados na cidade.
Sem trabalho na sua área, ele lamenta o adiamento da abertura das atividades e reforça que, se as pessoas continuarem nas ruas, será cada dia mais difícil retomar a economia. “A gente não tem ideia de como será a vida daqui pra frente. As pessoas continuam desrespeitando o isolamento e, com isso, a curva do contágio não desce. Se isso não acontecer não teremos certeza de quando vamos voltar a trabalhar”, disse o tatuador.
Todos os dias a Tribuna recebe denúncias de aglomerações e de comércios abrindo de forma irregular, contrariando os decretos municipais. De acordo com as determinações da Prefeitura, apenas estabelecimentos que fazem parte da linha branca (como papelarias, óticas, consultórios médicos e odontológicos, auto peças, concessionárias de veículos, entre outros) e os serviços considerados essenciais, estão autorizados a funcionar, mesmo assim, em horários diferenciados.
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“É estranho porque, apesar da proibição de funcionamento, as pessoas continuam nas ruas. O comércio e as empresas estão falindo, mas o movimento continua. Apesar do Centro Histórico vazio, o que se vê na Rua Paulo Barbosa ou nos principais bairros é um vai e vem que não acaba. Em alguns parece até que o isolamento não existe. O importante é conscientizar as pessoas. Elas precisam entender que só devem sair quando for necessário, ainda assim tendo todos os cuidados para se proteger e proteger as outras pessoas. Mesmo em quarentena, vejo pessoas da minha família e amigos que não estão trabalhando, mas estão saindo de casa todos os dias, mesmo sem necessidade”, citou o gerente de uma loja da Rua Teresa, que pediu para não ser identificado.
Para a fisioterapeuta e instrutora de pilates, Adriana Nicodemus, apesar da frustração de não poder abrir o estúdio na próxima segunda-feira como estava programado, o importante é que as atividades sejam retomadas com total segurança. “Que reabra com a garantia de que não vai fechar de novo se os casos aumentarem. Essa é a minha expectativa. Que tenhamos que esperar mais uma semana, mas que seja uma reabertura definitiva”, comentou. “Todo mundo tem que ceder um pouco para que dê certo. Temos que ver como vai ficar a nossa cidade daqui para frente e tentar reconstruir”, concluiu a fisioterapeuta.