• De passagem por Petrópolis, Joel Santana fala sobre futebol carioca, Serrano e sua relação com a cidade

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  • 26/09/2021 10:16
    Por Philippe Fernandes

    Único treinador a ser campeão estadual com todos os quatro grandes do Rio e uma das figuras mais emblemáticas do futebol brasileiro, Joel Santana está vindo a Petrópolis com frequência cada vez maior nos últimos tempos. Neste sábado, o “Papai Joel”, como é conhecido, andou pelas ruas da cidade e recebeu a equipe da Tribuna para uma entrevista exclusiva. Joel falou sobre a situação dos clubes cariocas; sobre os caminhos para o desenvolvimento do Serrano e do futebol do interior como um todo; além da sua relação com a cidade.

    Perguntado sobre a situação dos quatro grandes clubes cariocas e o abismo que existe hoje entre o Flamengo, time a ser batido no Brasil e que caminha a passos largos para a segunda final de Libertadores em três anos; e clubes como Vasco e Botafogo, que vivem situação financeira dramática e estão na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, Joel foi claro: o caminho é a profissionalização da gestão dos clubes.

    “Os clubes do Rio não se prepararam. Isso já começou lá atrás, com Bangu e América, que eram considerados times grandes. A coisa foi afunilando, e agora pegou o Vasco e o Botafogo. O Flamengo pensou primeiro, agiu bem com seus patrocinadores. Isso faz com que o clube esteja em um momento excepcional, com conquistas e um time competitivo”, disse.

    Joel acredita que a tendência é de um retorno dos investidores – a partir daí, os clubes devem priorizar a gestão. “Se você não tiver boa gestão, não chega em lugar nenhum; não adianta colocar dinheiro no clube se ele não é bem trabalhado para que o clube precisa”.

    Com a bagagem de mais de 50 anos de experiência no futebol, o “Rei do Rio” acredita que, acertando o rumo, os demais clubes podem resgatar a competitividade que se perdeu nos últimos anos. “O Fluminense está mais equilibrado, mas o Vasco e o Botafogo, que estão em uma situação mais difícil financeiramente, são duas potências”, lembrou, destacando, no entanto, que o “afunilamento” do futebol nacional não acontece só no Rio – clubes tradicionais como Cruzeiro e Náutico, por exemplo, também passam dificuldades.

    O Serrano e o fortalecimento do futebol do interior

    Na entrevista que concedeu à Tribuna, Joel também falou sobre a importância e a necessidade de se fortalecer o futebol do interior. Time de futebol da cidade, o Serrano disputa atualmente faz uma campanha modesta na Série B1 do Campeonato Carioca, com apenas uma vitória, um empate e duas derrotas – incluindo a de ontem, para o Olaria, na Rua Bariri.

    Joel acredita que os clubes do interior ainda têm um papel importante para a formação de novos talentos, e que a cidade “abraçar” os clubes é um caminho. “Petrópolis, por exemplo, é uma grande cidade e seria bom ter um grande clube. O que é preciso ser feito: as empresas, as indústrias, se reunirem com o Serrano, investir no clube, para esse clube investir no futebol. Essa área forma bons jogadores. Imagina o Flamengo ou o Vasco jogando aqui? Seria bom para todo mundo, até para movimentar a economia. Mas tem que ter investimento e pessoas sérias trabalhando na composição do clube. Não é fácil, mas também não é tão difícil. Dá pra fazer”, cravou.

    A relação com Petrópolis

    A atração de Joel Santana pela região serrana não é de hoje: o treinador, que mora em Copacabana, tem casa em Teresópolis. Mas, nos últimos anos, tem vindo mais para a Cidade Imperial, muito por conta de um grupo de amigos que promove encontros frequentes. “Vira e mexe nós estamos aqui, com vários amigos que vêm do Rio. E também para visitar, porque Petrópolis é uma cidade linda, maravilhosa. A gente sai do Rio e procura a serra por causa do clima.

    Joel destacou a segurança da serra, especialmente na comparação com a capital do Estado. “Eu moro em uma área que é até mais segura, com posto policial perto, mas mesmo assim os bandidos estão abusados. Aqui é muito mais tranquilo. Esse frio que é fogo… Carioca tem medo desse frio daqui”, brincou.

    No YouTube

    Apesar de receber convites para voltar à linha de frente no comando técnico de clubes pelo Brasil, Joel está em outra: recentemente, ele lançou um canal no YouTube. O cardápio é variado: podcast com análises sobre os times do Rio, histórias do futebol e entrevistas com grandes personalidades estão à disposição dos internautas.

    “Tenho 50 anos de futebol, sendo 20 como jogador e 30 como treinador. Queria contar minhas histórias, que não são poucas. Aí eu e a Adry Santos resolvemos abrir o canal. De segunda a sexta tem o podcast, fora as lives com entrevistas”, disse.

    E sobre os convites para voltar à beira do campo? “Na beira do campo não dá mais, já tô cansado. O futebol me deu o mundo: trabalhei no Japão, na África do Sul, nos Emirados Árabes, na Arábia Saudita… Agora meu negócio é esse, sair com os amigos e ficar passeando e contar as histórias, até para o público saber ou relembrar como foi a nossa passagem”, comentou.

    Mas isso está longe de significar aposentadoria. Joel toparia voltar ao futebol, mas em cargos de gestão. “Como gestor, alguém para dar conselho… Até ajudaria os clubes. Você não passa 50 anos no futebol à toa, alguma coisa a gente aprende”, afirmou.

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