Aumento da taxa real nesse ciclo é o maior do regime de metas, diz BC
Para demonstrar que segue no combate à alta de preços no País, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou em carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que o atual aumento da taxa real de juros no Brasil é o maior desde a criação do regime de metas para a inflação, em 1999. O IPCA registrou alta de 10,06% em 2021, muito acima do teto da meta de 5,25% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Considerando as trajetórias da inflação e da Selic pelo Relatório Focus de expectativas de mercado, Campos Neto destaca que a taxa média real de juros passou de -1,3% no último trimestre de 2020 para 4,4% no último trimestre de 2021. O BC projeta que a taxa real de juros chegará a 6,3% no primeiro trimestre de 2022 e a 6,4% no segundo trimestre deste ano.
“O crescimento da trajetória da Selic nominal foi mais acentuado do que o aumento das expectativas de inflação na medida considerada. Esse movimento significou a passagem da política monetária do campo expansionista para o território contracionista (supondo uma taxa de juros real neutra de 3,5% a.a.)”, acrescentou Campos Neto, no documento.
Mais uma vez, o BC alerta que questionamentos sobre o futuro do arcabouço fiscal leia-se, do teto de gastos aumentam o risco de desancoragem das expectativas de inflação e elevam a probabilidade de cenários com taxa neutra de juros mais alta.
A carta aberta é uma exigência do sistema de metas, quando a inflação fica fora do intervalo de tolerância, para explicar as razões do descumprimento e indicar providências para o retorno à meta, assim como o prazo para que isso ocorra.