• Nelson Sabrá tem prisão temporária decretada por envolvimento em esquema de corrupção na Eletronuclear

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  • 25/06/2020 19:00

    Apontado pela Justiça como integrante do núcleo econômico de uma organização que lesava os cofres da Eletronuclear, Nelson Sabrá teve a prisão temporária decretada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Ele foi alvo na manhã desta quinta-feira (25), da Operação Fiat Lux, deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF). A ação investiga desvios de recursos em contratos milionários com a estatal. 

    MATÉRIA ATUALIZADA: Justiça revoga prisão temporária de Nelson Sabrá e mais 11 investigados por esquema de corrupção na Eletronuclear

    Sabrá, que é filho do ex-prefeito de Petrópolis Jamil Sabrá, foi deputado federal e também deputado estadual. Na cidade, foi secretário de Obras e presidente da Comdep, na gestão de seu pai, e, mais recentemente, secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura. Depois de ser preso, em casa, ele foi levado para a sede da Polícia Federal, no Quitandinha, e em seguida encaminhado para o Rio de Janeiro.

    Advogado do ex-deputado, João Francisco Neto, que mais cedo afirmou que só falaria após ter acesso ao inquérito, divulgou uma nota em que critica a prisão. “Causa perplexidade e indignação esta prisão temporária contra um septuagenário, no meio de uma pandemia. Os fatos teriam acontecido há quase uma década e se baseiam na palavra de um delator, que não apresenta provas do que alega. Cuida-se de uma violência jurídica sem paralelo”, afirmou.

    Entenda

    O processo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que teve o sigilo quebrado após a realização das diligências, nesta quinta-feira, detalha a investigação. A apuração aponta Nelson Sabrá como interlocutor dos pagamentos indevidos a Eletronuclear e usava duas empresas da sua família (BJS Consultoria e Projetos LTDA e BJS Logística e Manutenção LTDA-ME) para que outras empresa (Allen Rio Serviços e Comércio de Produtos de Informática LTDA, SNC Lavalin e Aceco TI LTDA) repassassem os valores ilícitos. 

    De acordo com o Ministério Público Federal, as negociações aconteceram em dois períodos – 2010 e depois entre 2012 e 2013. Além disso, os investigadores conseguiram com a quebra de sigilos bancários e fiscal das empresas, até a data de maio de 2017, identificar depósitos volumosos da Eletronuclear para a Allen e desta para as empresas de Nelson Sabrá.

    O MPF chegou aos envolvidos da operação desta quinta-feira, a partir da colaboração premiada de empresários presos na Operação Blackout, realizada em 2017 pela Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná. Com esses depoimentos foi elucidado o pagamento de vantagens indevidas em pelo menos seis contratos de empresas firmados pela Eletronuclear. Os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores entre os investigados.

    Segundo o Ministério Público Federal, a exigência de propina teve início logo após Othon Pinheiro assumir à presidência da estatal como contrapartida à celebração de novos contratos e ao pagamento de valores em aberto de contratos que se encontravam em vigor. Parte do esquema operou com empresas sediadas no Canadá, França e Dinamarca. O MPF já solicitou a cooperação internacional e irá compartilhar o material da investigação com o Ministério Público destes países. 

    A ação desta quinta-feira, é um desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat, Irmandade e Descontaminação. Foram cumpridos 12 mandados de prisão temporária e 18 de busca e apreensão no Rio de Janeiro (capital, Niterói e Petrópolis), São Paulo e no Distrito Federal. 

    Além de Nelson Sabrá também foram alvos da operação:

    Ana Cristina da Silva Toniolo (filha do ex-presidente da Eletronuclear e auxiliava o pai no desvio de recuros com uma das empresas contratadas no exterior)

    Silas Rondeau Cavalcante Silva (ex-ministro de Minas e Energia entre 2005 e 2007 e compunha o núcleo político da organização buscando apoio para a presidência de Othon Pinheiro)

    Aníbal Ferreira Gomes (ex-deputado federal atua na cúpula do PMDB em busca de apoio político mediante propina)

    Luis Carlos Batista de Sá (ex assessor de Aníbal Ferreira e atuava como operador financeiro da organização)

    Paulo Sérgio Vaz de Arruda (doleiro que auxiliava na abertura de contas offshore para receber os valores ilícitos)

    Álvaro Monteiro da Silva Lopes (advogado que atuava junto com Nelson Sabrá no núcleo econômico da organização criminosa)

    Pérsio José Gomes Jordani  (ex-diretor de planejamento da Eletronuclear que atuava na intermediação das vantagens indevidas com os contratos com as empresas envolvidas no esquema)

    João Lúcio dos Reis Filho (diretor de uma das empresas com contratos com a estatal que tratava com Nelson Sabrá os percentuais das propinas)

    Sérgio Mauro Letichevsky (representante de uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção)

    José Eduardo Telles Villas (representante de uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção)

    Patrício Junqueira  (representante de uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção)

     

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