Início da flexibilização em Petrópolis não garantiu normalidade no transporte público
As recomendações das autoridades de saúde neste período de pandemia de Covid-19 são manter o distanciamento social e evitar as aglomerações. Mas quem utiliza diariamente o transporte público municipal sabe que manter essas recomendações é uma tarefa quase impossível. São várias as denúncias que chegam à Tribuna de Petrópolis, desde antes do início da flexibilização das atividades econômicas, sobre ônibus lotados, pessoas em pé dentro dos veículos e longas filas nos pontos de embarque e desembarque. Após a reabertura do comércio e algumas atividades, usuários garantem que a situação se agravou.
“Esta semana passei a ir para o trabalho de Uber ou 99, não tem mais como andar de ônibus. Estão sempre lotados e os motoristas param em todos os pontos, mesmo já estando cheio. E isso acontece o dia todo, de manhã à noite”, contou Eduardo Diamantino, de 40 anos. Ele é morador de Cascatinha e utiliza os coletivos das linhas 300 e 330 da Viação Cidade das Hortênsias.
Como bancário, Eduardo precisa sair todos os dias para trabalhar no Centro. Ele contou que os ônibus chegam de Corrêas ao Terminal do Itamarati lotados e não há nenhum tipo de fiscalização para impedir a superlotação dentro dos coletivos. “Estão funcionando com horário de sábado, mesmo agora que aumentou a quantidade de pessoas. Faltam horários e ônibus. Temos vários colegas em casa doentes ou com suspeita e ainda temos que passar por isso”, lamentou o bancário.
Esta semana, a Prefeitura iniciou o plano municipal de reabertura do comércio e atividades. A flexibilização permitiu o funcionamento, nesta primeira etapa, de 11 segmentos da economia, o que resultou em mais pessoas nas ruas, principalmente em direção ao Centro. Em nota, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) informou que haverá esta semana uma reunião entre representantes da Prefeitura e das empresas de ônibus para tentar regularizar a situação.
Em abril, as empresas de ônibus Petro Ita e Cascatinha entraram com uma ação na 4ª Vara Cível de Petrópolis contra as solicitações da Prefeitura de regularização da circulação do transporte coletivo. Desde março, quando as medidas de restrições foram adotadas, os ônibus começaram a circular em horários especiais.
Na decisão, o juiz Alexandre Teixeira determinou que a CPTrans elaborasse um estudo que comprovasse a desproporcionalidade entre oferta e demanda, decorrente das medidas de distanciamento social impostas em Petrópolis. O juiz deu um prazo de cinco dias para a companhia entregar o relatório, com previsão de multa de R$ 10 mil pelo descumprimento.
Em nota, a CPTrans informou que está elaborando o estudo de impacto sobre o possível aumento da demanda por conta da flexibilização. A companhia disse ainda que são 232 linhas em toda cidade e o órgão recebeu, até o momento, apenas demandas pontuais, que são rapidamente solucionadas pela empresa. “Todo estudo de impacto está sendo direcionado para que haja o equilíbrio entre a demanda de passageiros e a oferta de linhas e horários, e será entregue à justiça conforme acordado”, é o que diz a nota.
A CPTrans disse ainda que as empresas de ônibus estão com déficit em seu quadro de funcionários, já que elas aderiram ao plano federal de suspensão de contratos por quatro meses, com até 50% de adesão, como medidas de economia durante o período de pandemia.
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