• Estado deixará de manter Sistema de Alerta e Alarme em Petrópolis

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  • 15/02/2020 09:49

    O Sistema de Alerta e Alarme de sirenes deixará de ser mantido pela Defesa Civil do Estado a partir de maio. Segundo o Governo do Estado, os municípios que possuem os sistemas passarão a ser responsáveis pelo seu gerenciamento e custeio. Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, o secretário de Defesa Civil, coronel Paulo Renato, disse que abriu processo para que o município faça a previsão orçamentária para arcar com a manutenção das sirenes.

    O sistema possui 20 conjuntos de sirenes em 12 comunidades do município. Quem arca com o sistema desde a sua instalação é o Centro Estadual de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/RJ). Segundo o órgão, a iniciativa do programa de sirenes foi destinada a apoiar a população em curto prazo, uma vez que as cidades enfrentavam um passivo de muitos anos na área de Defesa Civil, e possibilitar que, a partir daí, os órgãos municipais dessem seguimento ao trabalho e fortalecimento do sistema. Dos 20 conjuntos, os dois que funcionam no Buraco do Sapo e Gentio, no Vale do Cuiabá, estão sem manutenção desde novembro do ano passado. Mas segundo o secretário de Defesa Civil, as sirenes estão funcionando de forma manual. Se o sistema já vinha sendo insuficiente para o monitoramento do município, sem o financiamento do Estado, o município terá que assumir mais essa despesa.

    Leia também: Sirenes do Sistema de Alerta e Alarme permaneceram silenciosas em meio aos temporais

    Em entrevista à Tribuna de Petrópolis na última sexta-feira, o secretário de Defesa Civil, coronel Paulo Renato, afirmou que recebeu os alertas para risco de movimento de massa e risco hidrológico do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para os dias 02, 07 e 08 de janeiro. E que, embora tenham sido registrados altos índices de chuva nestes dias, e que, segundo o secretário, não estavam previstos pela previsão, as sirenes não foram acionadas porque não foi verificada a necessidade. Apenas as duas sirenes da Rua 24 de Maio foram acionadas no dia 02 de janeiro, quando foi registrado o índice de 148 mm nas quatro primeiras horas de chuva daquele dia, segundo o boletim da Defesa Civil às 18h20.

    O coronel Paulo Renato garantiu que as sirenes estão funcionando.

    O coronel Paulo Renato garantiu que as sirenes estão funcionando. Foto: Bruno Avellar/Tribuna de Petrópolis

    Segundo o secretário, o  acionamento das sirenes não segue um protocolo matemático, mas um conjunto de fatores meteorológicos. “Esse protocolo não é exclusivamente matemático, se fosse matemático atingiria tantos milímetros de chuva num determinado tempo e não precisaria de que alguém acionasse. Na verdade, não precisaria nem eu estar aqui. Haveria um dispositivo automático e nesse momento acionariam as sirenes, por exemplo. Além de ser um atributo municipal (determinado) por lei acionar, quem sabe o que acontece no município é o município. Não é Brasília, não é o estado do Rio de Janeiro, lá na capital, não é a regional Defesa Civil lá em Friburgo. Somos nós, que moramos aqui, que vivenciamos o dia a dia”, afirmou.

    No Rio de Janeiro, após as chuvas que vitimaram duas pessoas no Morro da Babilônia, em abril do ano passado, o protocolo de acionamento das sirenes passou a ter como parâmetro o volume mínimo de chuvas de 40 mm. Embora Petrópolis tenha mais áreas de risco do que a cidade do Rio de Janeiro – temos 234 – o protocolo estabelecido, segundo o coronel Paulo Renato, é de 50 mm.

    “Mas isso não quer dizer que quando chega a 50 mm a sirene tem que ser acionada, nem que só a partir de 50 mm ela tem que ser acionada. Então do que depende? Desses fatores instáveis que estabelecem a previsão do tempo”, disse.

    A equipe técnica da Defesa Civil é composta por 52 agentes, sendo apenas dez técnicos capacitados para fazer vistorias. Segundo o secretário, são quatro engenheiros civis, um engenheiro mecânico, dois arquitetos, um geólogo e um técnico em construção de obras. Na equipe não há meteorologista. Todo o monitoramento é feito pelos técnicos. Sobre os equipamentos, o secretário esclareceu que a Defesa Civil conta com 12 viaturas, destas, oito estão operando. Um está em manutenção, e outras três, usadas pelo setor administrativo, estão quebradas. Mas disse, que há a previsão de investimento de R$ 616 mil na compra de seis novos veículos para o órgão ainda neste ano.

    O secretário disse que reconhece que é necessário que seja feito um trabalho de educação nas escolas em paralelo com investimentos em equipamentos técnicos para o trabalho de prevenção desenvolvido pelo órgão. Entre as propostas está assumir o sistema de alerta e alarme do estado e a ampliação do sistema também para os distritos, como Posse e Araras.

    Câmara Municipal instaura Comissão para averiguar atuação da Defesa Civil

    A Câmara Municipal realizou nesta semana a primeira reunião da Comissão Especial para averiguar a atuação e infraestrutura da Secretaria de Defesa Civil e Ações Voluntárias. Segundo os vereadores, a Comissão vai apurar o motivo do não acionamento das sirenes nas chuvas dos dez primeiros dias deste ano e sobre a equipe técnica e equipamentos disponibilizados pelo órgãos.

    Em entrevista, o secretário reafirmou que está à disposição para quaisquer esclarecimentos dos vereadores. E disse que neste ano esteve na Câmara Municipal em uma audiência pública realizada no dia 14 de janeiro, prestando esclarecimentos sobre o trabalho da Defesa Civil.

    A Comissão especial é presidida pelo vereador Leandro Azevedo, tem como relatora a vereadora Gilda Beatriz e é composta pelos vereadores Marcelo Lessa, Marcelo da Silveira e Antônio Britto. A próxima reunião está marcada para o dia 19, às 15h.

    Metade dos pluviômetros instalados no município

    O secretário de Defesa Civil, coronel Paulo Renato, disse que o monitoramento é feito principalmente com base nos pluviômetros geridos pelo Cemaden/RJ e município. Estes são os sete instalados nas comunidades onde há o Sistema de Alerta e Alarme. No Buraco do Sapo e Gentio, onde o sistema está sem manutenção desde novembro do ano passado devido ao atraso no pagamento da Ong Viva Rio, responsável pelo convênio com a empresa GridLab, o monitoramento tem sido feito de forma visual. “O Vale do Cuiabá não tem pluviômetro, mas tem sirene. O acionamento é feito manualmente e visualmente. É o ideal? É o possível!”, explica o secretário.

    Segundo Paulo Renato, a maioria dos pluviômetros está inoperante. “Nós não descartamos informação, mas observamos principalmente (os pluviômetros do) município e estado”, disse. Sobre os 20 pluviômetros semiautomáticos que foram doados ao município em 2014, pelo Cemaden nacional, que a Tribuna apresentou na reportagem publicada no último domingo, o secretário afirmou desconhecer a doação.

    No balanço da atuação da Defesa Civil, o secretário destacou o programa Defesa Civil nas escolas, que no ano passado envolveu 212 instituições de ensino, sendo 180 da rede municipal, 30 particulares e outras duas estaduais, em 1.239 atividades durante o ano. Para Paulo Renato, a educação nas escolas é de fundamental importância para as próximas gerações, para criar uma cultura de prevenção de risco.

    “Nos locais onde já existem as sirenes são locais em que o risco já existe, onde há ocupação irregular, desordem urbana, a Defesa Civil atua na ponta do problema no final do processo para prevenir um risco que já existe”, disse. E que para mudar esse quadro, a Defesa Civil tem investido em uma estratégia de mudança cultural a longo e médio prazo, que é o Defesa Civil nas Escolas.

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