• Petrópolis: após 5,5 mil demissões em dois meses, retomada das atividades é pontapé para recuperação econômica, diz especialista

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  • 31/05/2020 16:35

    Os meses de março e abril deste ano tiveram o maior saldo negativo para geração de empregos no país desde o início da série história (1992) do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em Petrópolis, foram mais de 5,5 mil demissões nestes dois meses. O município, que é destaque no turismo, teve neste setor a maior parcela das demissões – menos 1,5 mil vagas formais de trabalho. Os efeitos da pandemia no Brasil já eram esperados: um possível colapso na saúde e estragos a curto e longo prazo na economia. Mas especialistas acreditam que a retomada gradual das atividades e a extensão dos benefícios concedidos neste período por mais alguns meses, podem ajudar a recuperar o mercado. 

    No município, apenas no mês de abril foram 3.138 demissões e apenas 498 contratações. Os setores que mais demitiram foram o comércio, com 1.131 demissões, e serviços, com 1.116 demissões. No mês de março, o número de demissões no setor de serviços foi ainda maior: 1.323. 

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    Para o economista Gastão Reis, empresário e consultor da Firjan, o que aconteceu no Brasil não foi uma particularidade. Outros países também foram muito afetados economicamente pela pandemia. Mas ele acredita que as medidas que vem sendo tomadas pelo governo ajudaram para que esse quadro não se tornasse ainda pior. 

    “De um modo geral, esse fenômeno que aconteceu não é uma particularidade do Brasil. Aconteceu nos EUA, que registrou números altos de pessoas que pediram o auxílio desemprego. De toda forma, em linhas gerais, houve aquele Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda, que acabou tendo um efeito positivo. Conseguiu preservar 8,1 milhões de empregos. É melhor reduzir salário e jornada na mesma proporção porque isso permite a manutenção do emprego”, disse. 

    No último ano, o município vinha registrando números positivos na geração de emprego no setor de serviços. Mas, com a pandemia, os bares e restaurantes foram os primeiros a fecharem as portas. Muitos tiveram que se reinventar e montar estratégias com entregas, e aplicativos delivery para impulsionar as vendas e gerar renda. Com as determinações de isolamento e controle de entrada na cidade, a rede hoteleira sofreu sem os turistas. Ambos se mantiveram funcionando dentro do permitido pela regulamentação dos decretos, mas, ainda assim, o quadro de funcionários foi reduzido. 

    Na indústria que, nos últimos dois meses, demitiu 992 funcionários e contratou 246, gerando um déficit de 746 vagas, o corte começou nos gastos com terceirizados. Walace de Jesus, de 30 anos, trabalhava há dois anos como operador de envase para uma empresa que presta serviços para uma cervejaria no município. Logo no fim de março veio a demissão. Na sua casa, o padrasto, que trabalhava em um restaurante na Rua Teresa, também foi demitido. 

    “Demitiram nos três turnos dos terceirizados, mas disseram que quando isso tudo passar há a possibilidade de nos chamarem de volta.  A verdade é que não sabemos como vai ser”, disse Walace. Durante esse período, ele disse que tem tentado fazer bicos, ou vende lanches na proximidade de sua casa.

    Além dos trabalhadores formais que perderam seus empregos, há, ainda, uma parcela significativa da população que está parada e não entra nessa estatística: os informais. 

    A pandemia tornou mais grave a desigualdade social no país. Para o economista, o benefício emergencial concedido nesse período vai ajudar a curto prazo, mas a desigualdade no país exige medidas que se consolidem por mais tempo. “A desigualdade pode ser vista de duas maneiras: a curto prazo, com o beneficio, e por isso não me espanta o governo prorrogar por mais dois meses; e a longo prazo. Para isso, é preciso escola pública de qualidade. Não há como resolver problema de desigualdade social com medidas de curto prazo. As medidas precisam ser mantidas com persistência, por décadas para consolidar”, disse. 

    A construção civil também perdeu campo de trabalho. Entre março e abril, foram 321 demissões e 116 contratações, um saldo negativo de 205 postos de trabalho. 

    Nesta segunda-feira, dia º1, o município entra na Linha Branca no Plano de Flexibilização do Comércio e Serviços, com a retomada gradual de algumas atividades. Para o economista, o retorno gradual das atividades acatando as medidas de prevenção, vão ajudar o mercado a se recuperar gradualmente. Gastão acredita que, por ter um empresariado ativo, essa recuperação pode ser ainda mais rápida na cidade do que a nível estadual. A mudança comportamental e econômica, consequência da pandemia, segundo o economista, podem trazer mudanças positivas.

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