• Pré-candidatos falam se adotariam ou não o lockdown como medida para conter a disseminação do novo coronavírus

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  • 29/05/2020 15:55

    Há quase 80 dias, o governo municipal adotou as primeiras medidas restringindo a circulação de pesssoas e o funcionamento de atividades econômicas em Petrópolis. O objetivo era garantir o isolamento social, na tentativa de conter a disseminação do Covid-19. O lockdown (medida mais rígida com fechamento de todos os setores da economia, com exceção dos supermercados e farmácias) não foi adotado no Município, que informou que somente vai determinar a medida se a taxa de ocupação dos leitos de UTI chegar a 90%.

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    O lockdown foi implantado em vários países da Europa, Ásia e América Latina como forma de impedir o aumento dos casos do novo coronavírus. No entanto, no Brasil, a medida não foi adotada na forma mais plena pelos governadores e prefeitos. Dando prosseguimento à série de entrevistas com pré-candidatos à Prefeitura de Petrópolis, a Tribuna questionou se eles implantariam ou não essa medida mais rígida de confinamento. É importante lembrar que onze deles foram ouvidos sobre o tema.

    Tribuna: Adotaria o lockdown como forma de conter a disseminação do novo coronavírus?

    Alexandre Gurgel (Cidadania) – Sim, caso fosse indicado pelas equipes técnicas, apenas como alternativa emergencial, pelo menor período possível, caso a insuficiência de leitos e UTIs, viesse a aumentar o risco de mortes em Petrópolis. A vida sempre em primeiro lugar.

    Coronel Arnaldo Vieira Neto (PRTB): O lockdown é um erro já demonstrado estatisticamente, como provaram o governador do estado americano de Nova Iorque, quando declarou que 84% dos infectados estavam confinados em residências ou mesmo em abrigos para idosos, reforçado ainda por um estudo estatístico publicado pela revista alemã Bild. No Brasil, as medidas de restrições à circulação de pessoas e atividades econômicas se mostraram uma clara ação política partidária com intuito de desestabilizar o governo federal e abrir as portas da administração pública para a corrupção. Basta que se comparem os casos por estados alinhados ou não com o governo federal (MG x RJ, por exemplo).

    Jamil Sabrá (PSC): A exemplo do que foi visto em outros países com rápida disseminação do vírus, iria decretar o lockdown logo no início – entre 15 de março e 14 de abril – diminuindo a possibilidade de circulação do vírus na cidade. Iria manter equipes de fiscalização no Centro e bairros 24 horas, sete dias por semana, para fazer valer o decreto e isolaria a cidade com barreiras sanitárias em suas entradas. Autorização, apenas, para ir a hospitais, mercados, postos de combustíveis e farmácia, de maneira emergencial. Serviços de delivery seriam autorizados e recomendados. Todos, porém, seriam obrigados a utilizar máscaras nas ruas e em qualquer lugar fora de sua residência. 

    Leandro Azevedo (PSD): A decisão pela implantação ou não do lockdown, seria tomada de acordo com os índices epidemiológicos registrados no município. Seguindo sempre as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). A ocupação dos leitos acima de 80%, por exemplo, seria um dos fatores determinantes. Seriam observados o crescimento da epidemia, lotação dos leitos de UTI e clínicos e a queda na capacidade de resposta no controle da doença. Se adotado, o lockdown deveria vir acompanhado de apoios econômico e social mais reforçados para a população mais carente, para os serviços, empresas e comércios.

    Lívia Miranda (PCdoB): A decisão ou não do lockdown depende da curva de contágio. Sim, se fosse necessário para salvar as vidas e reduzir a contaminação.

    Marcos Novaes (PDT): Não se pode falar em lockdown sem conhecer e estudar cinco tipos de dados. São eles: sobre a disseminação e virulência do vírus na cidade; sobre a rede hospitalar disponível para enfrentar as consequências da disseminação; sobre a capacidade do pessoal técnico de que o governo municipal dispõe; sobre as finanças municipais, ou seja, o tamanho da capacidade do governo municipal para responder ao desafio (abrir a caixa-preta) e sobre a aceitação do “isolamento social” proposto e tão mal executado.

    Desses cinco conjuntos de dados, o que dispomos são dados incompletos sobre os dois primeiros conjuntos. Com isso, não se pode avaliar com seriedade a necessidade ou não de adotar o lockdown. O lockdown é sempre uma medida extrema, que deve ser evitada tanto quanto se possa.

    Tirando a turma que está pondo a cara na linha de frente da Saúde, o que se pode ver é uma burocracia de governo totalmente despreparada para enfrentar a pandemia, para se conectar com a população. Afinal, se ela já se mostrava despreparada para tocar a cidade em dias normais, agora, então. 

    Marcus Curvelo (PSB): Sem a menor dúvida adotaria no início da pandemia. Como disse já tínhamos outras experiências no Brasil e no mundo que demonstravam a rapidez da propagação do vírus e sua letalidade. Petrópolis teve tempo para se preparar, mas perdeu tempo e poderíamos ter salvado mais vidas e empregos. Mas, continuo defendendo que caso haja a piora de indicadores e índices, o lockdown deve ser decretado. 

    Matheus Quintal (Republicanos): Acredito que o lockdown é uma medida a ser tomada em última instância, por causa do seu impacto duro sobre a economia da cidade e na vida das pessoas. Novamente, estamos ainda a mais de seis meses de janeiro de 2021 e hoje parece certo que o pico da pandemia já terá sido superado quando chegarmos lá. 

    Paulo Mustrangi (Solidariedade): Esta ferramenta apresenta um alto custo econômico e só poderá ser aplicada em situação de grave ameaça e descontrole dos casos de óbitos.

    Ramon Mello (Avante): O lockdown é uma medida extrema. Acredito que 2020 esse tema não será abordado.  Se precisar, apesar da autonomia do prefeito em decretar, irei ouvir o Conselho de Especialistas, o Conselho de Saúde e submeterei a Câmara de Vereadores um projeto de lei. Só através do diálogo e da transparência que medidas serão tomadas no meu governo.

    Yuri Moura (PSOL): Só na última semana Petrópolis teve 152 novos casos confirmados, um crescimento de 50%, e as mortes quase que dobraram também. Quanto mais se testa mais os números aumentam e isso demonstra que estamos com a curva ainda em ascensão. Ao invés de se precipitar e anunciar a reabertura do comércio, quase dez dias antes da data que seu plano indica, criando uma falsa sensação de tranquilidade, o prefeito deveria decretar o lockdown para esta semana – evitando que a gente tenha um problema maior para os próximos quinze dias. É o único jeito de inclusive voltarmos à normalidade econômica mais cedo. Os municípios que enrijeceram as medidas restritivas por 5 ou 7 dias conseguiram ter mais tranquilidade para a reabertura gradual e monitorada do comércio. O governo Rossi é formado por setores econômicos ligados aos donos de imóveis, Firjan e patronato, está cedendo a pressão dos grandes interesses sem se preocupar com a proteção de quem trabalha na rua. Abrir o comércio apressadamente não garante a volta real da economia, pelo contrário, é jogar contas e aluguéis nas costas de comerciantes que não venderão o suficiente para cobri-las. A pressa pela reabertura vai custar vidas, se o governo tivesse dado apoio aos trabalhadores e comerciantes, isso com certeza não seria proposto por agora!

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