Procura por bens e serviços caiu 92% desde o início da quarentena
O Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio) teve acesso a uma pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) entre os meses de março e abril, e os resultados mostram o impacto da pandemia de Covid-19 no setor de bens e serviços no estado.
As sondagens foram realizadas em diferentes datas e mostram que o cenário de crise vem piorando. Entre os dias 14 de 15 de abril, os pesquisadores ouviram 554 empresários. Os dados, desse momento da consulta, mostram que 92% dos entrevistados experienciaram redução de demanda pelos produtos e serviços depois da quarentena. Desse total, 45,3% acham que o cenário vai piorar em maio, contra 16,3% que acreditam que haverá melhora na situação atual.
“O setor de bens e serviços foi diretamente afetado pelas medidas de isolamento social impostas pela pandemia. O Sicomércio, assim como o empresariado em geral, tem buscado alternativas para manter as empresas funcionando. Mas nossos recursos estão se esgotando e sem a expectativa de retomada da economia pelos municípios do estado teremos ainda muitos problemas pela frente”, diz Marcelo Fiorini, presidente do Sicomércio Petrópolis/RJ.
Em Petrópolis/RJ o fechamento total do comércio começou depois de um decreto municipal de 23 de março. Desde então, o empresariado acatou a decisão entendendo que a medida é necessária para a diminuição da velocidade de contaminação da população local. Segundo o Sicomércio muitos estabelecimentos encerraram suas atividades. Em diferentes pontos da cidade, como Bingen, Centro e Itaipava há salas e lojas vazias. Sem recursos os empresários tiveram que fechar as portas definitivamente.
Os dados da pesquisa mostram que o impacto do isolamento social foi muito maior do que o esperado. Entre os dias 17 de 18 de março, 538 empresários foram ouvidos sobre os riscos que a pandemia traria ao setor. O percentual esperado de redução era de 70%. Número que foi superado na pesquisa posterior. Mas os empresários não esperavam apenas ter perdas financeiras, para 21,9% deles a preocupação era com a perda de funcionários para o vírus.
“Nós sabemos do perigo que nossa sociedade está correndo. E sabemos também que o número de infectados cresce na mesma proporção que a nossa preocupação com o desemprego. As empresas não tem mais recursos e demissões serão inevitáveis. O que defendemos é uma reabertura do comércio responsável com a adoção de todas as medidas de biossegurança feitas pelas organizações de saúde. Precisamos prezar pela vida e pela continuidade da vida”, afirma Marcelo.
Os consumidores também foram consultados. Para eles os pesquisadores perguntaram por quanto tempo acreditavam que a quarentena seria mantida. Entre os dias 20 e 22 de abril, 81,5% dos entrevistados acreditavam que o período de isolamento seria superior a um mês, podendo ultrapassar 3 meses.
“Os empresários foram perguntados sobre por quanto tempo suportariam a quarentena, e 68% disse que teria recursos para aguentar por apenas um mês. Uma empresa tem muitos gastos. Água, energia elétrica, fornecedores, aluguel. Só a folha de pagamento tem um peso em média de 24,5% sobre a empresa. E nossa prioridade no momento é garantir os salários e os empregos dos funcionários. Mas precisamos de ajuda”, reforça Marcelo.
Entidades que representam o comércio de bens e serviços de Petrópolis (Sicomércio, Arte e CDL) protocolaram ofícios solicitando a reabertura gradual do comércio na cidade. Nos documentos foram apresentadas alternativas seguras como horários de funcionamento diferenciados e medidas de biossegurança adequadas para o atendimento dos clientes. O setor segue cumprindo as determinações municipais.
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