A semana foi caótica para quem precisou do transporte público em Petrópolis. Passageiros registraram diversos problemas de quebras, atrasos, superlotação e não cumprimentos de viagens nas cinco empresas. Em meio a todos os problemas, o diretor-presidente da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Thiago Damaceno, que deveria fiscalizar a operação dos coletivos, restringiu um grupo nas redes sociais por onde os relatos chegavam e apareceu em público para anunciar uma “ação inédita” para o trânsito: uma “patadestre”, que seria como uma faixa de pedestres para cães.
Mais uma vez, as “campeãs” de reclamação da semana foram as empresas Petro Ita e Cascatinha. Dentre os diversos problemas, passageiros começaram a semana subindo o bairro a pé, pois o ônibus quebrou e não realizou todo o trajeto no Sargento Boening. “Os ônibus do bairro estão precários”, disse um morador.
Todos os relatos chegaram aos conselheiros da sociedade civil no Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran). Até então, os representantes encaminhavam as reclamações em outro grupo, com todos os conselheiros do Comutran. Porém, o presidente da CPTrans, Thiago Damaceno, restringiu o envio de mensagens apenas a administradores na quinta-feira (14).
“Para o governo, é mais fácil silenciar a sociedade civil do que resolver, com vigor e energia, os problemas enfrentados pelos munícipes”, diz um trecho da nota compartilhada pelos conselheiros da sociedade civil, em que chamam a postura de Damaceno de censura.
Prefeitura não informa sobre licitação
Enquanto isso, a Prefeitura mantém o silêncio em relação ao andamento do processo licitatório determinado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) para as linhas hoje operadas pela Cascatinha. A última atualização enviada à imprensa sobre o tema foi em dezembro, ainda que, no último mês, o TCE tenha rejeitado um recurso da Cascatinha e mantido a decisão pelo certame.
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Cascatinha e Petro Ita também enfrentam processos judiciais, que, no momento, aguardam uma decisão da segunda instância. Pela justiça local, a Cascatinha já perderia suas linhas para outras empresas que operam na cidade.
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As empresas também aguardam o resultado do pedido de recuperação judicial feito à 4ª Vara Cível. No momento, o processo está na fase de habilitação dos credores e, após isso, será decidido se é possível a recuperação ou se será decretada a falência das viações.
Ônibus novos
Nesta semana, os ônibus das demais viações, que substituiriam a Cascatinha em uma eventual troca, também foram alvo de reclamações por quebras, atrasos e superlotação. A Cidade Real até começou a operar dois novos coletivos na linha 100 – Rodoviária do Bingen, mas, a novidade não agradou.
“O ônibus é desconfortável, não tem apoio para a cabeça e os bancos são duros. Em horário de pico, a gente chega a ficar até 40 minutos dentro dele, sem conforto nenhum. Sem contar que os vidros da parte de baixo da janela não abrem, o que, nesse calor, é horrível”, contou a passageira Rosane Barbosa.
Silêncio da CPTrans e das empresas
Em meio à crise, a CPTrans e as empresas de ônibus mantêm o silêncio. Mais uma vez questionadas sobre os problemas, as entidades não responderam até a última atualização desta reportagem.
Nesta sexta-feira (15), no entanto, a comunicação da CPTrans encaminhou um material à imprensa: a criação da “padadestre”, a primeira faixa de travessia destinada a animais. Não foi informado, no entanto, o quanto foi gasto para a pintura da nova “sinalização”.