• Ambientalistas emitem carta contra a construção do Pavilhão Niemeyer, no Parque Natural da Avenida Ipiranga

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 17/fev 09:20
    Por Maria Julia Souza

    Nessa quinta-feira (15), ambientalistas emitiram uma carta de esclarecimento contra a construção do Pavilhão Niemeyer, no Parque Natural Padre Quinha, na Avenida Ipiranga. O tema tem sido motivo de divergência entre a Prefeitura e ambientalistas da cidade. Em dezembro do ano passado, a empresa EngePrat Engenharia e Serviços Ltda foi definida como a responsável pelas obras, que vão custar R$ 10,2 milhões aos cofres públicos.

    Leia Também: Ambientalistas são contra a construção do Pavilhão Niemeyer, no Parque Natural da Avenida Ipiranga

    Segundo a carta, a proposta “foi apresentada pela Prefeitura Municipal de Petrópolis (PMP), e rapidamente encaminhada ao Comdema para deliberação, com algumas informações que eventualmente se mostram confusas ou até inverídicas. Os argumentos oferecidos na proposta do Pavilhão tampouco tiveram qualquer conexão com questões verdadeiramente ambientais.”

    O documento destaca a “precariedade” do Plano de Manejo do parque, que foi elaborado em 2013 e não menciona nenhum tipo de vida silvestre existente no local, como pássaros, roedores, mamíferos, répteis, etc. A carta ressalta ainda que o Plano de Manejo não cita as nascentes e cursos d’água, “não menciona a necessidade de prospecção arqueológica, o controle e combate às espécies invasoras (necessário e urgente), a reintrodução de animais, visando a diversidade e troca de material genético.”

    Ainda segundo a carta, o Plano de Manejo foi elaborado quando o parque ainda não era cadastrado como área de proteção integral junto ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e do Mosaico Fluminense da Mata Atlântica e da Biosfera.

    “Quando foi confeccionado, lá ainda ficavam os cavalos e as vitórias, não havia os jardins e as trilhas eram poucas e precárias. Ou seja, além de historicamente precário, o PM [Plano de Manejo] está ultrapassado”, destacou o documento.

    Leia Também: Reunião do Comdema discute a construção do Pavilhão Niemeyer, no Parque Natural da Avenida Ipiranga

    A carta frisa ainda que outra justificativa para a construção do Pavilhão é que o local seria um centro onde seriam realizadas atividades de educação ambiental. No entanto, os ambientalistas destacam que é “contrassenso” utilizar uma edificação toda em vidro que causará a morte de pássaros no seu próprio habitat, além de utilizar constantemente ar-condicionado com elevado consumo elétrico, pela necessidade de climatização, contrariando um dos temas da última Conferência Municipal, e sendo um exemplo contrário de educação ambiental.

    “Atividades de EA [Educação Ambiental] podem e devem ser desenvolvidas ao ar livre, nas trilhas, em contato direto com a natureza, observando os animais. Senão, não se justifica serem feitas dentro do Parque Natural. Eventual aula ou atividade interna podem ser desenvolvidas nas salas do casarão (ruína), que guarda relação com o parque e cuja reforma terá custo de R$ 1,5 milhão”, disse os ambientalistas.

    Rogério Guimaraes, um dos fundadores do Parque Natural e um dos ambientalistas que assina a carta, frisa o fato do Plano de Manejo do parque estar ultrapassado.

    “O PM [Plano de Manejo] serviu quando tinha que servir, só que agora, em razão do Parque ter evoluído se tornando uma Unidade de Conservação Integral devidamente cadastrado no SNUC, fazendo parte do Mosaico da Mata Atlântica, sem os cavalos, as vitórias e sem moradores, somado ao prazo de sua confecção de cerca de 13 anos, não pode mais ser levado em conta, sob pena de mais atrapalhar do que ajudar, como aliás, foi o caso”, frisou o ambientalista.

    Mobilidade urbana

    O documento destaca ainda o impacto viário que a construção do parque pode ocasionar, uma vez que o espaço será construído em uma região que conta com alguns colégios em seu entorno.

    “Tampouco o impacto viário foi observado ou estudado, entretanto é uma questão importante, já que afeta a mobilidade urbana, justamente numa rua com vários colégios que já tornam o trânsito muito difícil nessa saturada via. Se for contemplada uma área de estacionamento dentro do PNMPQ, haverá mais perda de área útil do parque”, disse o documento.

    Últimas