Levantamento do IBGE mostra redução de 5,75% da população e Caged aponta 6% a menos de empregos
O movimento empresarial Petrópolis 2030 vai acompanhar a evolução de divulgação dos dados do IBGE em relação ao Censo 202, a fim de propor medidas que possam mitigar as causas do esvaziamento econômico da cidade que estão diretamente ligadas à redução da população em pouco mais de uma década.
A redução da oferta de emprego em Petrópolis em 6% segue no sentido contrário ao da geração de vagas com carteira assinada no país, que aumentou em 10%. A diminuição dos empregos formais é somada, ainda, a prejuízos materiais, além das vidas perdidas nas tragédias das chuvas (2011, 2013 e 2022) e que podem ser dois pontos cruciais que levaram Petrópolis a encolher. De acordo com o Censo 2022, que acaba de ser divulgado, em 12 anos, Petrópolis reduziu em 17.036 o número de moradores contabilizando hoje 278.881 habitantes.
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“O estudo é importante para embasar as propostas que o Petrópolis 2030 pode agregar a sua pauta que foca, exclusivamente, na retomada do desenvolvimento econômico da cidade. Fica evidente que as tragédias climáticas e a falta de emprego são fatores primordiais para essa redução da população”, afirma Claudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis, uma das 25 entidades que compõe o movimento empresarial.
Para o empresário, a redução da população de Petrópolis em 5,75% caminha ao lado da redução da oferta de emprego, com queda de 6%, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “Os números estão praticamente empatados e o êxodo está ligado à redução de vagas de trabalho ainda que muitos tenham caminhado para serem microempreendedores individuais. A falta de oportunidades afasta as pessoas e empresas e as que permanecem encontram dificuldades para se expandir”, considera o presidente da CDL.
Um número que não é revelado ainda pelos dados iniciais divulgados pelo IBGE é o empobrecimento da população. Além da redução de emprego, que força o êxodo populacional, Petrópolis tem famílias com rendimentos cada vez menores. “Aluguéis altos, por exemplo, compõem um custo de vida que deixa menos dinheiro circulando porque as pessoas investem na segurança da moradia. Por outro lado, a economia fica travada, dependendo do movimento do turista, do veranista ou do morador de final de semana que consome mais”, analisa Cláudio Mohammad.
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Petrópolis que já vinha sofrendo com esvaziamento econômico há mais de duas décadas tem a economia focada em prestação de serviços, tecnologia, comércio e turismo, mantendo ainda parque industrial, porém com menos ênfase. A cidade, após a pandemia, que aumentou a mortalidade e diminuiu a natalidade, enfrentou a sequência da tragédia das chuvas em fevereiro e março do ano passado, com 242 mortes e centenas de negócios com prejuízos.
De acordo com a Junta Comercial do Rio de Janeiro (Jucerja), 505 pontos comerciais fecharam as portas em Petrópolis em 2022 enquanto que no mesmo período 413 lojas iniciaram as atividades, um saldo negativo de 92 comércios. Considerando a abertura de microempreendimentos individuais, o saldo este ano, em comparação a janeiro a maio de 2022, já é 43% menor.
Petrópolis tem 70 mil vagas de carteira assinada atualmente e mais 30 mil em microempreendedores, somando uma população de 100 mil pessoas ocupadas e o restante fica à mercê do sustento dos economicamente ativos. O índice de pessoas produtivas em outros países chega a 75%.
A redução da população na cidade pode levar em conta também dois movimentos claros: enquanto os cariocas procuram Petrópolis para estabelecer moradia porque aqui encontram segurança, mas mantém seus empregos no Rio, fisicamente ou por home office, Petrópolis ‘exporta’ trabalhadores que se estabelecem em outras cidades e estados porque não encontram vagas de trabalho aqui.
“Vamos propor que o Censo 2022 seja profundamente estudado em todos os seus aspectos e que dele possamos mapear ações, programas e obras para reverter o quadro de esvaziamento econômico e empobrecimento da população. A meta é que os setores econômicos e a sociedade civil organizada estejam coesos, independente de questões políticas e partidárias, caminhando neste sentido”, antecipa Cláudio Mohammad.