Muitos não puderam ficar com os tutores porque não conseguiram casas que aceitem animais
Foram cachorros, gatos, calopsitas, coelhos, porquinhos da índia, pássaros e peixes, os mais diversos animais resgatados na tragédia que atingiu Petrópolis no dia 15 de fevereiro. Mesmo após cinco meses, muitos ainda estão sob os cuidados de clínicas e ONGs, à espera de um lar ou no aguardo que seus tutores possam levá-los de volta para casa.
Segundo a médica veterinária e fundadora do Grupo de Resgate de Animais em Desastre (GRAD), Carla Sássi, ainda existem seis cães e dois gatos que aguardam até que os tutores consigam uma casa para poder abrigá-los novamente. Além desses, dois cães resgatados estão disponíveis para adoção. O GRAD fez um trabalho de assistência aos animais oferecendo vacina, alimentação, vermífugo, anti-pulgas e medicação necessária, Carla afirma que foram mais de 500 animais assistidos e outros 200 animais foram resgatados.
João Valois é embaixador do movimento Cadeia Para Maus Tratos e protetor dos animais há mais de 15 anos, ele ajudou no resgate de diversos deles na época das chuvas e ficou com 12 animais em casa. Desses, ele conseguiu devolver alguns para três famílias, mas ainda está com dois que são de pessoas que não conseguiram uma nova casa ainda. “Eu vejo que tem muita gente que não encontrou o seu peludo, sei que tem muita gente que está com esses animais resgatados em abrigos”, diz João.
Márcia Coelho é voluntária da Dog’s Heaven e afirma que cerca de 50 animais foram resgatados, encaminhados para adoção e lares temporários. Deste total, ainda existem animais no canil da entidade. Márcia diz que a situação está cada vez mais complicada. “Tem muitos animais abandonados, muitas mãezinhas e ninhadas abandonadas. Tem muitas pessoas que não conseguiram o aluguel social que aceite animais, então abandonaram ou deixaram nas casas ainda em ruínas”, conta.
Márcia fala do nítido aumento dos animais abandonados nas ruas de Petrópolis e define a situação como bem triste. “Estamos superlotados, voltamos a fazer as feiras de adoção, só que ao mesmo tempo, resgatamos uma ninhada abandonada nos últimos 15 dias. A gente vê um problema social bem grande”, desabafa a voluntária.
Segundo informações do médico veterinário, Guilherme Mayorga, da Clínica Veterinária Popular do Alto da Serra (CliniPet), 569 animais foram atendidos no local. Desses, 202 animais receberam atendimento. Outros 37 foram resgatados e entregues aos tutores e 108 foram encaminhados para ONGs. Tiveram também os animais que necessitaram de internação/tratamento e foram adotados, esses somam 218 do total de animais atendidos.
Ainda existem três animais disponíveis para adoção, entre gatos e cachorros, são: Filo, Nina e Vitória, a gatinha que foi resgatada entre escombros após nove dias. Um dos animais resgatados foi o River, um cachorro que foi adotado como mascote da clínica por possuir vários problemas de saúde.
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Para adotar um dos animais que estão na CliniPet, basta preencher o formulário disponibilizado pela clínica. Essa é a primeira etapa do processo de adoção. Após o preenchimento do formulário, as pessoas que atendem os critérios da clínica são submetidas a entrevista pessoal e visita ao local que o animal será destinado. Estando tudo certo, é feita a entrega do animal na clínica com os documentos da adoção. Para acessar o formulário, basta clicar aqui.
No canil da ONG Somos Todos Protetores não há mais animais resgatados. Segundo Virgínia Pereira, voluntária da instituição, eles conseguiram adoção para todos eles. Ela diz que não conseguiram acolher muitos porque, infelizmente, no espaço não cabiam muitos animais. Eles atuaram na tragédia compartilhando fotos dos animais que tinham sido perdidos pelos tutores. Sobre a situação atual, Virgínia ressalta um problema frequente: o abandono de animais. Com a pobreza no município, as pessoas estão ainda mais propensas a abandonarem os animais nas ruas.
“Nós temos inúmeros pedidos de abrigo e resgate de animais novos, muitos deles aparecem na rua de banho tomado, a gente vê que eles estão bem cuidados. Infelizmente as pessoas não estão conseguindo mantê-los, ou se mantém ou mantém o animal e acham que a melhor alternativa para que eles não sofram maus tratos é ir para a rua invés de entregar para adoção”, diz. Reflexo da pobreza no município, Virgínia afirma que o número de adotantes diminuiu consideravelmente. Ela diz que as doações também estão escassas.
A Coordenadoria de Bem-Estar Animal (Cobea) atuou no resgate e encaminhamento de mais de 100 animais das áreas de risco a lares temporários previamente cadastrados. A Prefeitura realizou uma campanha nas redes sociais solicitando o apoio da população para abrigar temporariamente os animais que se encontravam em áreas de risco.
A Cobea também auxiliou no transporte dos animais das famílias que precisavam fazer a mudança para novos lares e encaminhou as doações de ração aos mais necessitados. Atualmente existem inúmeros animais resgatados disponíveis para adoção que estão sob a guarda de ONGs e protetores independentes. Para tornar possível a adoção responsável, a Cobea está promovendo feiras de adoção semanalmente, aos sábados. Até o momento foram realizadas 18 edições e 81 animais foram adotados.