A procura por atendimento de urgência aumentou não só nos pontos de apoio à covid-19, mas também nas portas de entrada para atendimento de casos não covid-19. Nesta semana, pelo menos, cinco pacientes procuraram a Tribuna para denunciar a carência de médicos nas unidades ou o tempo de espera, que em alguns casos levou mais de cinco horas. Os casos não são isolados, em fevereiro, o Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro já haviam cobrado da Prefeitura a reposição no quadro médico das unidades.
Na segunda e quarta-feira, dois pacientes da mesma família, que foram diagnosticados com covid-19, procuraram a UPA Cascatinha – unidade que atende exclusivamente esses pacientes. Lá foram informados que não havia médico para prescrever medicamentos e tiveram que buscar o Hospital M. Nelson de Sá Earp. Nesta sexta-feira(27), aconteceu situação semelhante com outra família. Mãe e filho buscaram a UPA Cascatinha com sintomas de covid-19, os pacientes deram entrada às 13h na unidade e às 17h ainda não tinham sido atendidos. Do lado de fora da UPA, a fila de espera misturava pacientes e acompanhantes que buscavam notícias de familiares internados.
Na quinta-feira(27), um paciente de 61 anos, ficou por quase 10 horas aguardando a liberação de um leito de enfermaria para que fosse internado na UPA Cascatinha. A Prefeitura nega que tenha faltado médicos nesta semana na UPA Cascatinha. Na quinta-feira, a coordenação das UPAS informou que a unidade operava com 3 médicos e 2 pediatras. A Tribuna questionou a Prefeitura sobre os casos acima relatados, mas não obteve resposta. Em relação a taxa de ocupação dos leitos na UPA Cascatinha nesta sexta-feira, a Prefeitura também não respondeu.
A Prefeitura informou que os pacientes diagnosticados com covid-19 devem procurar atendimento nos pontos de apoio em Itaipava, HMNSE e UPA Cascatinha. Na quinta-feira, o HMNSE operava com dois clínicos e Itaipava com um clínico.
Lotação também nos atendimento de urgência para pacientes não covid-19
Também na quinta-feira, aconteceu uma confusão na UPA Centro. Pacientes revoltados, porque estavam há quase cinco horas aguardando o atendimento médico, gravaram vídeos reclamando da demora. A Polícia Militar chegou a ser acionada para tentar controlar os ânimos. A Coordenação das UPAs justifica a demora com o aumento na busca por atendimento e nega que as unidades estejam operando com apenas um médico, como os pacientes vem relatando.
Segundo a coordenação das UPAs, na quinta, a UPA Centro operava com 3 clínicos e 2 pediatras e a UPA Itaipava com 2 clínicos e 2 pediatras. “A coordenação das UPAs frisa que as unidades registram movimento superior ao normal. Em alguns momentos o tempo de espera é maior, uma vez que há casos em que um dos médicos precisa fazer o acompanhamento de pacientes em ambulância, enquanto outro atua em alguma intercorrência com pacientes dentro da UPA e o terceiro permanece em atendimento aos pacientes que chegam à unidade”, informou a Prefeitura.
Dificuldade para contratação de médicos atinge rede pública e privada
Em fevereiro, o Ministério Público já havia constatado a falta de médicos nas unidades de urgência do município. Na ocasião haviam denúncias de pacientes que haviam sido recusados porque não havia equipe médica. O Ministério Público considerou inadmissível essa recusa. “Nesse sentido, vale mais ter menos portas de entrada funcionando bem, do que várias funcionando mal”, disse o MP em reunião com a Secretaria Municipal de Saúde, no dia 24 de fevereiro.
As unidades privadas também já alertaram o MP sobre essa mesma dificuldade. Tanto a Unimed Petrópolis quanto o Hospital SMH relataram durante reunião com os representantes da Saúde e MP, que estão com dificuldade de contratação de mais profissionais, inclusive para ofertar mais leitos médicos de covid-19, quando for o caso.