• Uns fósseis famosos vivendo num frigorífico

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  • 27/02/2020 15:00

    Nunca julgue um livro pela sua capa. Se você algum dia, foi a uma livraria e se deparou com uma conhecida obra de 127 páginas, escrita em 1954 pelo professor Sílvio Júlio e deixou de adquiri-la simplesmente pela horrível simplicidade de sua capa, devo alertá-lo de que você cometeu um terrível erro. O famoso livro tem o título de “Fósseis no Frigorífico “, editado pela Agisa – Artes Gráficas Impressoras SA, é algo imperdível. Eu devo confessar que, nestes últimos 66 anos de sua existência, eu certamente também devo ter cometido esse erro, pois nunca lhe dei o valor que ele merecia. Creio que em função da insignificância de sua fachada. Isto acontece. 

    Mas vejam como são as coisas. Estava eu sentado num café da Rua 16, em companhia de alguns amigos tradicionais, leitores assíduos destas minhas crônicas dominicais na Tribuna de Petrópolis, quando o famoso maestro Ernani Aguiar, me presenteou com um exemplar daquele livro. Não podia ter acontecido coisa melhor. No mesmo dia, mergulhei-me na sua leitura e não consegui mais parar. Trata-se de uma interessante obra, com versos satíricos e prosa polêmica, sobre a política e os seus famosos integrantes, desta nossa estimada cidade imperial de Petrópolis. 

    Observa-se que o escritor mantinha algumas divergências culturais ou políticas com os personagens mencionados em seu livro, principalmente quando se tratava de políticos ou professores locais. Todos eles, sem exceção, foram criticados severamente, mas para conseguirmos identificá-los é uma tarefa bem difícil, pois o escritor em nenhum momento se refere aos seus sobrenomes. Baseia-se exclusivamente em seus nomes próprios, drasticamente acompanhados de “apelidos” variados, alguns deles somente encontrados nos dicionários da década de 1950. Assim sendo, temos que nos basear em alguns fatos ocorridos naquela época para criarmos uma ligação convincente entre o mencionado professor e suas encrencas. 

    Entre os nomes mencionados nas prosas polêmicas, quase conseguimos identificar alguns, sem sobrenomes, mas, mesmo assim, com certas dúvidas se eram políticos ou professores. Ele mencionou nomes como Antonio Deblaterador, João Ônibus, José Turco, João Pulha, Jota Carrapato, Josias Chalaça, João das Arábias, João Asno, Pedro Unha, João Gargantua, João Macacão, Jorge Caco, João Cochino, João Furtacor, Julio Toucinho, João Calino e Chico Lambanceiro. Ele não poupava ninguém. 

    Sílvio Júlio veio morar em Petrópolis no dia 3 de agosto de 1946, depois de oito meses de excursão cultural pela Argentina, Chile, Peru, Equador, Panamá, Venezuela e Santo Domingo, a convite dos governos daquelas repúblicas, como hóspede de honra e representante da Faculdade Nacional de Filosofia, onde ele era catedrático. Ao deliberar no sentido de morar nesta cidade, ele não se informou a respeito de certas figuras que por aqui também residiam. Daí vieram as brigas.

     

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