• Uma modesta reflexão

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  • 27/06/2020 15:30

     

    A Tribuna de Petrópolis recebeu na última quarta-feira uma importante colaboração que provoca profunda reflexão sobre a divulgação de dados da Covid-19 em todo o mundo. Os dados, embora mudem diariamente, ainda nos fazem pensar. O texto é de Rafael Trénor Suárez de Lezo e foi traduzido do espanhol por Manuel de Orleans e Bragança. Os dados foram retirados do site https://ourworldindata.org/grapher/total-covid-deaths-per-million

    Nações com mais mortes por número de habitantes causadas pelo coronavírus

    As nações do mundo com mais vítimas mortais de Coronavirus por número de habitantes, são por enquanto e segundo a Oxford Martin School da Universidade de Oxford na data de 23 de Junho de 2020 (*):

    1 Bélgica (83,66 / 100.000)

    2 Reino Unido (62,82 / 100.000)

    3 Espanha (60,58 / 100.000)

    4 Itália (57,32 / 100.000)

    Estas quatro democracias europeias lideram tão lamentável classificação mundial. As quatro padeceram problemas similares nos últimos anos. Seus parlamentos se encheram de nacionalismos, separatismos e populismos. A partitocracia exacerbada tensou as relações entre os cidadãos. Esquecendo sua verdadeira razão de ser, seus políticos descuidaram o bem-estar, a saúde e a economia da população. Gastaram seu tempo e energia em lutas puramente demagógicas. Em situações difíceis, sua incapacidade para estabelecer acordos com os “diferentes” resultou ser insuperável.

    Exatamente o contrário do que estiveram fazendo outras democracias europeias como Alemania, Dinamarca, Polonia, Austria, Portugal ou Grecia – por não citar bastantes mais – que estão superando a pandemia com muitas menos vítimas e melhores prespectivas de futuro, tanto no sanitário como no econômico.

    Na Bélgica, estão há bastante tempo sem governo. Sua Primeira Ministra visitou recentemente um hospital e a imagem de longas filas de pessoal sanitário dando-lhe as costas recorre a consciência do mundo inteiro. Faz vários anos que o país se dessangra entre flamencos e valões, nazis e vermelhos.

    No Reino Unido, os nacionalismos ridicularizaram o país com referendum separatistas e patéticos. Personagens grotescos cuja única façanha é se isolar da União Europeia entre bazófias patrióticas, quebram de passada suas Uniões históricas.

    Na Espanha, a Transição – admirada em todo o mundo e criada por cidadãos tolerantes – parece chegar ao seu fim. Um maremagnum de separatismos, de direitas e esquerdas extremas, e de aventureiros sem outro projeto que “emponderar-se” ou apoderar-se do que é Público, inundam o parlamento e inundam centenas de programas políticos na TV que copiam o estilo amarelo e gesticulante dos reality shows.

    Na Itália, estão há anos, muitos anos, com governos fajutos. Berlusconi, Beppe Grillo, Cinco Estrelas, Liga Norte, etc. são nomes que à todos nos são familiares.

    Mas desta vez houve dezenas de milhares de mortos e é difícil crer que essas quatro partitocracias não tenham sérias responsabilidades nisso. Com a diferença das outras nações acima referidas, não foram capazes de prever, de colaborar entre si ou de renunciar a seus esclerotizados dogmas ideológicos. Segundo a classificação aristotélica, essas quatro nações não merecem hoje o nome de Democracias e sim o de Demagogias.

    Para maior abundamento, em pleno Covid 19, aparecem no horizonte outras crises igualmente graves. Tal vez o vírus seja a parte visível de um inquietante iceberg. Tal vez para fazer-lhe frente seja necessário superar essas outras pandemias que devastam as instituições políticas.

    Nossas armas só podem ser as democráticas. São imprescindíveis no descrédito do ódio e da mentira. A ridicularização do histrionismo e de qualquer forma de autocracia. A responsabilidade dos meios de comunicação e o voto consciente dos cidadãos. Só a honesta profissionalidade dos políticos poderá restaurar a saúde e o bem-estar da sociedade, o qual não é de modo algum uma utopia tal qual demostram com sua administração muitos outros países da Europa.

    Rafael Trénor Suárez de Lezo

    Souloftheworld.com

    (Traduzido do espanhol por Manuel de Orleans e Bragança)

    (*) https://ourworldindata.org/grapher/total-covid-deaths-per-million

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