• Um pesadelo daqueles

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  • 08/01/2020 07:00

    Um amigo me contou: já era noite e o relógio marcava 9h45min. Encontrei-o à Rua Paulo Barbosa onde compareci para participar de uma reunião de condomínio; o amigo, por outro lado, se dirigia de volta à casa após também ter participado de uma outra reunião, com a mesma finalidade, em prédio próximo. 

    Percebi-o acabrunhado e sem que desejasse muita conversa, todavia juntos viemos caminhando em direção às nossas casas. 

    Após alguma insistência de minha parte passou a reclamar das constantes chuvas que vêm se abatendo sobre nossa cidade e por isso mesmo contraíra forte gripe que o deixou acamado por quase uma semana. 

    E a seguir bradou, sério: “não sei porque resolvi participar desta desagradável reunião que acabei de comparecer: onde estava com a cabeça?” 

    Procurei, caminhando a passos lentos, acalmá-lo e já mais descontraído relatou-me que a mesma o deixara bastante irritado. 

    Curioso, indaguei-lhe o porquê? “Ah! Não tolero mais comparecer a esses encontros; as pessoas falam todas ao mesmo tempo e o presidente, no cumprimento do encargo que lhe é outorgado, incessantemente obrigado a solicitar aos presentes, ainda que com toda educação, que se manifestassem dentro da ordem e do respeito”. 

    Os temas que foram debatidos, segundo o condômino insatisfeito, eram polêmicos e a pauta constando de um sem número de assuntos. 

    O presidente, segundo o amigo, fino e diligente, até certo ponto conseguiu colocar ordem nos trabalhos; e o secretário a trocar olhares entre os condôminos, naturalmente “rogando” que as partes viessem a se entender, até porque a reunião precisava terminar já que mais de duas horas haviam se passado. 

    Todavia, a maioria dos presentes, especialmente os homens, não acatavam os apelos da mesa presidencial, ao contrário das mulheres que pouco se expressavam, mas coerentes em suas opiniões. 

    E a discussão prosseguindo no tocante ao valor do reajuste da cota condominial, uns a concordarem com o novo percentual, outros não o aceitando sob hipótese alguma; e ainda, discussões a propósito de cotas extras que deveriam ser expedidas ante às obras que o prédio está a necessitar, tais como a pintura externa e a troca dos elevadores. 

    O síndico, e em especial o presidente a acalmarem os ânimos. 

    Enfim, já com todos os presentes exaustos, foi encerrada a reunião para gáudio do condômino aborrecido. 

    Este, por sua vez, ainda que bastante contrariado em decorrência de tudo que ocorrera, todavia com um sorriso improvisado, fez-me relatar que o mais estapafúrdio veio a se dar exatamente nos momentos finais do encontro, justamente quando o secretário ao deixar cair ao chão os seus óculos, naturalmente por descuido, observou suas hastes entortadas que foram pelo presidente da mesa que, por pouco, não os quebrou em decorrência de uma pisadela. 

    Após, caminhando sozinho de volta à casa, passei a imaginar como se daria a reunião do próximo ano e o que poderia vir a acontecer com os óculos do amigo secretário. 

    Às 23h, adormeci e sonhei com o que ocorrera; um pesadelo daqueles!.

     

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