• Ubi bene, ibi patria

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  • 05/08/2017 12:00

    Victor Hugo definiu o amor tendo a mulher como símbolo quando disse – “Ama-se uma mulher não porque ela seja bonita ou feia, gorda ou magra, alta ou baixa – ama-se, porque se ama” . E podemos espelhar tal sentimento, de qualquer modo, em qualquer circunstância. Assim é o meu amor por esta cidade que, como já comentei em outras crônicas, a conheci e me apaixonei, precocemente, aos seis anos de idade. Talvez raras pessoas dediquem tal sentimento tão puro à ela, tão maltratada pelas diversas administrações públicas, pela sanha e ganância das construtoras que tudo destroem e pelos habitantes que, indiferentes, nada reclamam e tudo aceitam, como é normal a todo brasileiro que, de um modo geral, é desprovido de zelo e de memória – nada se preserva em detrimento da cultura.

    O poeta Geraldo Ventura, velho amigo de meu cunhado Sá Fortes, do BB, foi extremamente feliz ao passar seus sentimentos para o hino que se consagrou, oficialmente, como da cidade. E, dentre tantas preciosidades que tentam desvalorizar, existem tradições como as pitorescas vitórias e alguns recantos, além dos tradicionais, que vão surgindo sem grandes alaridos mas que todos deveriam conhecer, como a “Pousada 14 Bis”, na rua Buenos Aires, onde se montou, com todo carinho, um belo e significativo acervo, reproduzindo todas as criações de dirigíveis projetados pelo brilhante pai da aviação. Lá, entre as diversas maquetes, há reprodução de uma carta de Santos-Dumont e que, oportunamente, doarei mais cinco cópias de cartas particulares para ampliar o acervo, numa colaboração para quem honra a cidade com tal iniciativa.

    Assim, já que não posso salvar nosso país nem nossa cidade, me disponho, ao menos, lutar para que não feneça uma grande entidade que deveria ser orgulho local, mas que não é, já que poucos a valorizam – a primeira e única no país, dedicada exclusivamente à cultura poética – nossa Academia Brasileira de Poesia, “Casa de Raul de Leoni” – honra petropolitana, que nasceu em 1983 como “Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni”, respeitando o princópio cosmopolista citado acima que diz, numa tradução livre – “onde se vive bem, aí é a pátria”. Por isto, nos seus 15 anos, fiz minha “Declaração” em soneto:

    “Temos orgulho de nosso patrono/ que tanto nos acolhe em sua casa,/ se a poesia seu culto transvaza/ mesmo que alguns o deixem no abandono.

    Temos toda humildade de um colono,/ que desnudou a terra a ferro em brasa/ sob o tormento de uma chuva rasa, / protegendo a cidade com seu trono.

    Temos na poesia todo o brio / de uma palavra firme e não vazia/ na verdade de um sonho assim tardio.

    Temos uma vaidosa teimosia,/ que é moldada da Argila, no feitio/ do “charme” dessa nossa Academia”.

    jrobetogullino@gmail.com


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