• Uber: quando o valor percebido supera o custo

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  • 04/06/2018 12:50

    Deu na Tribuna dessa semana que no primeiro trimestre de 2018 houve uma redução de 6% no número de passageiros pagantes dos ônibus. E a Uber começa a ser percebida como uma das responsáveis por essa redução.

    A Uber é uma empresa global de tecnologia sediada em São Francisco, nos Estados Unidos, que opera em todo o mundo. É uma opção bem aceita como uma alternativa ao uso do táxi e quebrou o paradigma do transporte privado de passageiros. O interessante é pensar que, talvez, ela seja a maior empresa de transportes do mundo e, que mesmo assim, não seja proprietária de um único veículo. Isso é que é um modelo de negócios campeão.

    Desde janeiro de 2018, chegou a Petrópolis e assim como fez em diversos outros lugares, começa a alterar de fato o modo de locomoção dos petropolitanos.

    O taxi é prioritariamente bastante afetado. A Uber oferece a sensação que não só é uma opção mais barata, como também uma opção de fato viável financeiramente para parcela considerável das pessoas. Assim, a UBER impacta o táxi e, de forma interessante, faz com que pessoas que nunca usavam táxi, analisem e comecem a utilizar a UBER. Com esse novo pensamento, não afeta apenas o táxi, mas afeta o meio de transporte que até então utilizavam, ou seja, o ônibus.

    Uma das causas desse impacto para os ônibus é a visualização antecipada do valor a ser pago pelo trajeto desejado, de imediato e de forma concreta. Mesmo sendo mais caro que o ônibus, há a sensação de que vale a pena gastar um pouco mais. E o compartilhamento do transporte com pessoas conhecidas, ou não, que vão para o mesmo lugar, é uma realidade.

    Em Petrópolis, diferentemente de outras cidades, não é comum pegar táxi fora dos pontos. Com a UBER isso muda completamente. O cliente não tem mais que ir ao ponto de táxi. O ‘ponto de táxi UBER’ vai até o cliente. E com uma estimativa de tempo de chegada, o que mais uma vez agrada ao cliente pela comodidade.

    Incontáveis questões precisam ser avaliadas por empresários e usuários. Mas a que merece mais destaque não é a que se refere a custo, mas a que se refere ao valor que se percebe no serviço prestado pela Uber. A clientela é primeiramente atraída pela sensação de preços mais baratos que o táxi, por outro lado, é mais cara que o ônibus. Porém, o valor percebido em questão de comodidade, segurança e rapidez suplanta a barreira do preço mais alto.

    Esse fato justifica, por exemplo, a existência de empresas que vendem o mesmo produto mais caro que seus concorrentes e mesmo assim não deixam de vendê-los. A resposta é simples: o valor proporcionado. Quer seja pelo atendimento personalizado, pelo ambiente da loja, pelo status de comprar em determinado local… O que é comum nesses casos: preços mais altos. Mas o valor percebido faz com que a venda seja efetuada.

    E isso é uma questão a ser pensada pelos taxistas. Será que somente a avaliação dos valores das “bandeiradas” em Petrópolis é suficiente? Somente a redução desse valor tornará as corridas de táxi mais atrativas? Talvez essa seja a hora de quebrar um paradigma, analisar o perfil dos motoristas e a qualidade dos taxis atuais da cidade em vez de somente pensar em preço.

    Acredito que a Uber chegou para ficar. Restará a nós, usuários, e aos negócios afetados por essa modalidade de transporte, que se reinventem para lidar esse tsunami que chegou a serra. mairom.duarte@csalgueiro.com.br.

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