• Tristeza e insegurança: o Quitandinha amanheceu mais triste

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  • 15/11/2016 18:49

    Nesta terça-feira (15), mais de mil toneladas de pedras e terra amanheceram encobrindo a beleza do Quitandinha. Na véspera, uma encosta deslocou de mais de 200 metros de altura, atingindo cinco casas e matando duas pessoas. Além dessa perda, os moradores da Rua Uruguai se despediram dos seus lares, sem data prevista para volta. O dia amanheceu com uma tristeza imensa para aquelas pessoas e toda a sociedade petropolitana que a cada ano presencia mais vítimas das fortes chuvas. Pela manhã, o sol apareceu, em sua forma mais suave, sem nenhum sorriso, apenas para tentar esquentar o coração de quem vive uma realidade tão fria.


    De todas as casas atingidas, apenas duas eram habitadas no momento. Consuelo do Carmo, 49, não conseguiu sair da casa como seu marido. Paulo Roberto Souza, 70, também não. Ele estava sozinho durante a noite. Moradora da região, Fátima Siqueira, 57, conhecia o Paulo e disse que ele era uma ótima pessoa. Ela morava em uma das casas próximo a tragédia com mais seis parentes. “Não dormimos de noite, estou na casa de uma irmã”, disse. 

    As marcas continuam nas lembranças de todos que vivenciaram o momento. Cézar Luiz Siqueira estava com a esposa e relembrou a noite. “Foi uma aflição. A pedra parou no muro ao lado da minha casa. Quando vi o que estava acontecendo liguei para Defesa Civil e o socorro chegou rápido, apesar de terem tido dificuldades de achar o local. Nós ainda estamos nervosos e de lá saímos apenas com os documentos, remédios e a roupa do corpo”, revelou Cézar que ainda disse que no momento a própria vizinhança saiu das casas temendo novos deslocamentos. O casal está na casa de um sobrinho. 

    Choro, gritos e desespero foram reações descritas pelos moradores que saíram para rua e debaixo da chuva acompanharam a situação. Uma das sobrinhas do Cézar, que também mora na Uruguai, descreveu o que passou. Ela está grávida e daí tirou as forças para apoiar os vizinhos. A moradora preferiu não ser identificada. “No primeiro momento você não acredita em nada que está acontecendo e foi Deus quem ajudou a gente. Em hora alguma fiquei nervosa e ainda ajudei as pessoas que estavam aflitas", diz. 

    Na Rua Uruguai, cerca de 15 famílias estão desalojadas e toda a área, num trecho de 100 metros, foi isolada. 

    Os moradores da região foram orientados a sair de casa e seguir para locais seguros. Há há apenas uma senhora de um imóvel mais afastado decidiu não deixar a casa. A Defesa Civil segue em estágio de atenção.

    Já na Rua Venezuela também há marcas. Uma pedra fez um buraco de aproximadamente 60 cm no muro de uma das casas. Pedro Paulo de Barros, explicou o que sentiu na noite. “Parecia que o mundo estava acabando. Foi uma coisa de doido. Um barulho muito alto. Levamos muito susto e não passamos a noite em casa, desci com a minha família para baixada”, falou Paulo que voltou para casa nesta manhã e disse não temer mais futuros deslizamentos. 

    O comandante do 15º Grupamento de Bombeiros Militares, Tenente-Coronel Agostinho Sequeira, chegou no Quitandinha nesta manhã. "Posso dizer que o grande problema é a insegurança e a pressa de todos em tentar retornar à rotina. Infelizmente devemos pensar na segurança de todos e pedir paciência. O terreno está instável e sujeito a novos deslizamentos", afirma. O Corpo de Bombeiros ainda realizou durante a manhã, o resgate de 25 cães de um abrigo da rua e a retirada de pertences e veículos das vítimas. 

    A imprensa veio ver de perto a tragédia que foi divulgada nos meios de comunicação de todo país. Durante o dia diversos curiosos passaram pelo local que permanece interditado, com risco iminente de novos deslizamentos. 

    Os policiais do 26° Batalhão de Polícia Militar que fazem a segurança do local afirmaram que não há possibilidades de ter mais vítimas debaixo dos escombros. 

    O serviço da telefonia e internet da empresa Oi foi interrompido em toda rua e só vai ser restabelecido quando a limpeza for realizada. 

    A Prefeitura informou em nota, que vai tentar, junto ao Ministério das Cidades, incluir a obra necessária na região no pacote do PAC Encostas, que prevê obras de prevenção, com contenção de encostas, em 14 localidades da cidade.

    Foto: Bruno Eiras 

    Foto drone: Bernardo Xavier

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