• Trilha ao infinito

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  • 27/02/2020 14:54

    Tenho vivido no alerta máximo da precaução, evitando surpresas desagradáveis, isto desde meus anos dourados da meninice, passando pela tal adolescência nunca sentida e chegando à fase adulta registrando e colecionando fracassos e vitórias. Evitei excessos como policiei atitudes, na crença de que somente o trabalho bem feito poderia conduzir minha existência a uma idade avançada livre dos comuns problemas que rondam os viventes.

    Nenhum cem por cento estatístico, de tudo o que fiz e passei, em percentual aceitável de mais felicidade do que o arrependimento do malfeito. E assim funciona a existência de cada qual, sob a vida biológica cercada de perigos por todos os lados, contornáveis com bom senso, coragem, disciplina de vida, cabeça no lugar, saúde em controle e, acima de tudo, a crença nas capacidades e talentos que se vai descobrindo e desdobrando na caminhada da existência. 

    E navega o transatlântico-vida enfrentando o remanso das águas em placidez quanto eivado de tormentas, na condução das criaturas humanas ao nadir traçado pelo destino, este misterioso espectro tão insondável como as profundidades abissais. A indagação mais humana da existência do ser terrestre acompanha a vida sempre surpreendente nos desdobrares sequenciais das auroras, questão mais difícil contida na prova discursiva dos vestibulares de encaminhamento ao futuro, que mais pontos vale: – Quem, afinal, traçou o meu roteiro? A vida vivida responde e pergunta com cautela, sob o desdobrar de muitas querelas: – Deus?! – Eu escrevi o meu destino?! – Sou capaz, faço, eu cumpro meu papel! – Deus! – Não, Deus não!

    O desdobramento de minha capacitação, que vem da família, passa pelo aprimorar da cultura, e desse adestramento rompem os filamentos das oportunidades que devo descobrir e aproveitar e que são causa e efeito do meu existir nessa batalha de sobrevivência, muito pessoal e, também, anelada à sociedade que me abriga e da qual dependo. – Deus?! – Sim, também, mas Ele nada pode ajudar se a humana estrutura fraqueja e cambia para o erro ou falsa interpretação dos cânones da vida!

    Cheguei até aqui combatendo na guerra da luta sã, renegando as facilidades da retaguarda entupida de estrelas gemadas, de onde fluem estratégias nem sempre eficazes. Preferi o desconforto das trincheiras porque nele encontrei e venci os óbices da insensatez louca de comandantes despreparados. – Arrependimentos? – Poucos e já esquecidos. Já, de algum tempo, escolhi viver, nessa minha vivência do ocaso, no mister de escritor, uma das fixações da minha feliz infância, toda encaminhada para esta trilha. 

    E, então, abram passagem para esse bloco de notas onde redijo sentenças de registro de minha passagem. – Destino? Vocação? Deus? – E eu sei? Sei, sim, eis que a vida me segura para além do que previa a minha validade – produto de consumo nas gôndolas do “Hiper-mercado Universo”, que sou – e que mãos e olhos imponderáveis examinarão, apertarão, farão sua escolha e me lançarão no carrinho do Infinito.

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