• Transfiguração de Jesus

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  • 08/03/2020 08:00

    Hoje, segundo domingo da Quaresma, prosseguindo o caminho penitencial, a liturgia, depois de nos ter apresentado, no domingo passado, o Evangelho das tentações de Jesus no deserto, convida-nos a refletir sobre o acontecimento extraordinário da Transfiguração na montanha. Considerados juntos, os dois episódios antecipam o Mistério Pascal: a luta de Jesus com o tentador introduz o grande duelo final da Paixão, enquanto a luz do seu Corpo transfigurado antecipa a glória da Ressurreição. Por um lado vemos Jesus plenamente homem, que partilha conosco até a tentação, por outro, contemplamo-lo como Filho de Deus, que diviniza a nossa humanidade. 

    Deste modo, poderíamos dizer que estes dois domingos servem de pilares sobre os quais se baseia todo o edifício da Quaresma até a Páscoa, e aliás, toda a estrutura da vida cristã, que consiste essencialmente no dinamismo pascal: da morte à vida ( cf. Mt 17, 1-9).

    A caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão. Disse que iria sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e dos escribas. Os apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem diferente! Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e levaos a um lugar à parte para orar. Aí, no Monte Tabor, revela-lhes a glória da divindade. “Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes” (Lc 9, 29).

    Foi ntão que Pedro, extasiado, exclamou: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” ( Mt 17, 4 ). Mas Santo Agostinho comenta, dizendo que nós dispomos de uma única morada: Cristo; Ele “é a Palavra de Deus, Palavra de Deus na Lei, Palavra de Deus nos Profetas”. Com efeito, o próprio Pai proclama: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus todo o meu enlevo; escutai-O!” ( Mt17, 5 ).

    A Transfiguração não é uma transformação de Jesus, mas sim a revelação da sua divindade, “a íntima compenetração do seu ser com Deus, que se torna pura luz. No seu ser um só com o Pai, o próprio Jesus é Luz da Luz”. 

    São Leão Magno diz que “a finalidade principal da Transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz.”Pela Transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na Cruz. Também nos revela que Jesus é “o Filho amado do Pai” e nos convida a escutar o que Ele diz.

    A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo, em Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: “Este é o meu Filho amado: Escutai-O.” É um acontecimento de oração: rezando, Jesus imergese em Deus, une-se intimamente a Ele, adere com a própria vontade humana à Vontade de amor do Pai, e assim a luz invade-O e torna-se visível a verdade do seu Ser: Ele é Deus, Luz da Luz. Também a veste de Jesus se torna branca e resplandecente.

     

     

     

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