• Suplemento estético

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  • 30/07/2018 14:10

    A vida é muito preciosa. Não deve ser colocada em risco imprudentemente. A imposição de um padrão de beleza tem levado várias pessoas a procedimentos invasivos por questão meramente estética.

    Ainda considero oportuna a frase que está na Sátira X do poeta romano Juvenal: “mens sana in corpore sano” (uma mente sã num corpo são). Pelos fatos noticiados, percebe-se que há uma preocupação maior com o corpo e menos com a mente.

    É também desse satírico poeta, o pensamento de que “o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.” E, entre as virtudes cardinais, está a prudência que, por definição, “dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida”.

    A imprudência leva à morte, principalmente no âmbito da Medicina e nas estradas. O caso da bancária que saiu de Cuiabá, Mato Grosso, para fazer um procedimento estético nos glúteos no Rio de Janeiro, pode ser citado como exemplo de que a imprudência leva ao óbito. O médico que fez o procedimento não estava credenciado para atuar no Rio. Ele teve a conivência da mãe, que também é médica, mas não podia atuar, pois a sua licença estava cassada. O procedimento foi efetuado no apartamento do próprio médico, localizado em um condomínio na Barra da Tijuca, ou seja, um local não apropriado.

    Com a repercussão nacional desse fato, surgiram outras denúncias relatando a atuação ilegal do médico. Triste é saber que não se trata de um caso isolado. Há muitos procedimentos indevidos que colocam em risco a vida de pessoas que se submetem a cirurgias plásticas por questões estéticas. Como exemplo, cito o caso da pedagoga que faleceu na madrugada de segunda-feira (23/07), após ter passado uma lipoescultura, no consultório de uma médica em Niterói. Tanto esta quanto o médico do caso citado usaram a palavra “fatalidade”, quando se referiram às mortes de suas pacientes. Só que a palavra “fatalidade” não deve ser empregada quando a irresponsabilidade é evidente.

    “Se a prudência te acompanha, nenhum poder celestial te desamparará”. Essa frase é também atribuída ao poeta romano Juvenal. Às vezes, falta prudência quando se busca uma cirurgia plástica. É preciso analisar a idoneidade, a habilitação do profissional que realizará o processo cirúrgico e as condições e o local em que será efetuado. Ainda não temos um sistema de fiscalização capaz de evitar o charlatanismo. Esses fatos, lamentavelmente, só ganham a atenção das autoridades quando há morte, quando a imprensa noticia e sensibiliza a opinião pública. E assim, há a exigência da punição dos culpados.

    Outro assunto sério que também está relacionado à questão estética consiste no uso de suplementos alimentares, que necessita da atenção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), principalmente no fator fiscalização, pois são comercializados produtos com explícitas propagandas enganosas. Há, nos rótulos de alguns, que popularmente são chamados de “bomba”, citações de benefícios que, na verdade, não oferecem. Por isso que no dia 17/07, a Anvisa estabeleceu uma regulamentação específica para a comercialização desses produtos, que também são consumidos por portadores de Síndrome de Adônis, a conhecida vigorexia, doença de natureza psicológica que se caracteriza pela insatisfação com o próprio corpo. A pessoa se acha magra e fraca quando já apresenta um porte físico forte e bem desenvolvido, diferente de quem sofre com anorexia. 

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