• Sobreviver e conviver

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  • 04/01/2016 12:00

    Nodomingo passado, fui à missa às 8 horas, na Capela de Nossa Senhorado Amparo. O Padre fez uma bela homilia. Falou das dificuldadesrelacionadas à sobrevivência e à convivência, tendo como base afamília, uma vez que as leituras da celebração remetiam para aquestão familiar. Foi categórico ao afirmar que “é mais fácilsobreviver do que conviver”.  Concordei com ele.

    Aluta pela sobrevivência torna-se mais fácil sem o apego a bensmateriais. A vida pode ser mais simples sem luxo e sem luxuria. A boaconvivência não depende do poder aquisitivo, não está vinculada àclasse social. Tanto uma família pobre quanto uma família ricapodem viver em harmonia ou em pé de guerra, independente do cartãode crédito e dos eletrodomésticos que se têm em casa. Não terprazer em estar no próprio lar deve ser terrível. Costumo dizer queo bom da viagem é a volta para casa. 

     Hojeabordo esse assunto para ampliar a discussão, por estar ligada aonosso dia a dia. É claro que cada um sabe onde o calo aperta.  Nãotenho muito jeito para expor a minha opinião sobre problemaspessoais.  Mas, pelo meu parco conhecimento, posso afirmar que a lutapela sobrevivência se torna insuportável, quando não há uma boaconvivência familiar e quando a relação conjugal é um fracasso. Omesmo raciocínio pode ser levado para o campo profissional: fazer oque não gosta em um ambiente detestável é uma tortura. O tempo nãopassa. As horas tornam-se seculares.

    Comoprofessor, já tive momentos difíceis: entrar para dar aula em umaturma com problema disciplinar é dureza. O aprendizado não rende. Aturma também pensa o mesmo: “aturar um professor chato é umporre” – dizem os alunos. Quando a aula é agradável, o tempopassa rápido.

    Nãoé preciso muito esforço para perceber que, tanto na família comono trabalho, o respeito é fundamental. É fator determinante para orelacionamento fluir satisfatoriamente. A relação entre marido emulher; pais e filhos; patrões e empregados; sempre exigirácompreensão mútua. Mesmo quando existirem critérios hierárquicos.

    Mastudo se torna fácil quando há amor. Os princípios educacionaisbásicos (palavras mágicas: obrigado, por favor, com licença)favorecem a boa convivência, independente do lugar em que se esteja.É verdade que, no ambiente de trabalho, não sejam necessáriosprofundos laços afetivos, mas o respeito é imprescindível. 

    Estoucom o poeta que diz “é impossível ser feliz sozinho”. Nãoconcordo com o pensamento sartriano de que “o inferno são osoutros”. É atribuída também a ele a seguinte frase: “A famíliaé como a varíola: a gente tem quando criança e fica marcado para oresto da vida”. 

    Nãoconsigo relativizar o conceito de amor, por não acreditar que alguémseja capaz de amar por conveniência. Quando amamos, aceitamos osdefeitos da pessoa amada.  Ninguém é perfeito. Se fôssemosperfeitos, creio que não haveria amor. Seríamos todos iguais, semnenhuma peculiaridade. O que nos tornaria diferente?  Como somosdiferentes, precisamos amar para aceitar o outro como ele é. Nãoquero mudar quem eu amo. Aceito do jeito que é. Ainda mais sabendoque é imagem e semelhança de Deus.

    P.S:“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula docontinente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para omar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como sefosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquerhomem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso nãoperguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. JohnDonne. 

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