Sindicato que representa o setor de vestuário já conta mais de 400 demissões
Cerca de 400 pessoas já foram demitidas no setor de vestuário em Petrópolis. A informação é do presidente do sindicato da categoria, Jorge Luiz Mussel. As demissões foram registradas nos últimos 15 dias de março e são as conseqüências econômicas da pandemia do Covid-19, que provocou o isolamento social e restrições no funcionamento de vários setores da economia. Só em uma fábrica – a Ikinha – 54 funcionários perderam os empregos esta semana.
“Muitas empresas estão mandando embora, algumas sem pagar nada para o trabalhador. Estão largando o funcionário sem emprego, sem dinheiro, sem rescisão e sem o FGTS. Muitos mandam os funcionários receberem na justiça. Mas como isso pode acontecer se a justiça também está parada? Como sempre, a corda arrebenta do lado mais fraco”, lamentou o sindicalista.
Mussel explicou que o sindicato tenta mediar as negociações entre as empresas e os trabalhadores com o objetivo de manter os empregos. “Tentamos colocar o funcionário em casa de férias coletivas e/ou banco de horas, mas com o empregador pagando o seu salário normal”, disse o sindicalista. “Só não admito diminuir salário para manter o emprego. Se está ruim viver com o que ganha, imagina diminuindo? As negociações buscam sempre o melhor para o trabalhador”, ressaltou.
De acordo com o sindicalista, as alegações das empresas para justificarem as demissões são os cancelamentos dos pedidos e o fechamento das lojas. “Entendo as empresas neste momento, mas elas têm que ter um recurso para as emergências ou um crédito para pegar. O trabalhador certamente não tem. Ninguém divide os lucros com o trabalhador, apenas os prejuízos. Assim fica difícil”, criticou o sindicalista.
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O proprietário da Ikinha Malhas, Marlan Hammes, confirmou para a Tribuna o fechamento do setor de confecção, que funcionava na unidade do Quarteirão Brasileiro, e a demissão de 54 pessoas. “Minhas lojas estão fechadas, os pedidos foram cancelados e os meus clientes também estão com as suas lojas fechadas. Não tinha como manter o setor em funcionamento. Avaliamos todas as possibilidades antes de tomar essa decisão”, explicou o empresário.
Marlan justifica as demissões com o momento de incertezas em que vive o país. “Não temos uma ideia de quanto tempo vamos esperar, de quanto tempo isso vai durar. Além disso, não sabemos como vai reagir o mercado depois disso tudo. É um momento de muitas incertezas”, pontuou.
Segundo o empresário, o setor de malharia e tecelagem ainda continua funcionando na unidade do Quarteirão Brasileiro, sem que, no momento, haja demissões. Marlan garantiu também que todos os trabalhadores demitidos receberão as rescisões sem que haja prejuízos.