• Setor de serviços foi o que mais empregou na cidade nos últimos 10 anos

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  • 20/10/2019 18:00

    Um dos setores que mais crescendo e empregando em Petrópolis é o de serviços. O segmento criou em 10 anos 7.228 mil vagas formais, de acordo com um levantamento do Cadastro Geral de Empregos (Caged) do Ministério da Economia. O crescimento mostra uma grande mudança no perfil econômico, que deixou de se basear na indústria e tem grande chance de se desenvolver economicamente através do turismo, que é um dos segmentos que compõe o setor de serviços. 

    “É o que Petrópolis tem agora a oferecer. Já tivemos outras realidades no passado, mas agora é a conscientização de que é no turismo que a cidade pode crescer e que é este o grande setor da vez. Essa realidade não é só de Petrópolis, mas também para todo o Estado do Rio de Janeiro, que tem um grande potencial neste sentido”, comentou o proprietário da rede Pousadeiros, que conta em Petrópolis com três hotéis – sendo dois em Nogueira e um no Centro. 

    A rede está em expansão e as contratações ajudam nos saldos positivos do Caged, que reproduz os dados de emprego formais, ou seja, com carteira assinada, em todo o país. De acordo com os dados, entre 2009 e 2019 o setor de serviços empregou em Petrópolis 111.297 mil trabalhadores. 

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    “Podemos dizer que a chegada de bons serviços nesses últimos anos impulsionou esse resultado positivo na criação de empregos. O turismo movimenta tudo. Se a cidade oferece uma programação de qualidade, os turistas vão aparecer. Com isso, toda a cidade sai ganhando. Os hotéis têm boas taxas de ocupação, a gastronomia se fortalece, o comércio e os meios de transporte se beneficiam com a quantidade de pessoas circulando pela cidade. Tudo gira em torno do turismo”, ressaltou o presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Samir El Ghaoui.

    O recepcionista Marco Antônio Ribeiro de Carvalho, de 29 anos, faz parte deste novo cenário. Há um mês ele foi contratado pela rede Pousadeiros e espera, agora, crescer dentro da empresa. “Sou formado em administração e, dentro desta área, tenho grandes possibilidades de crescimento. Antes trabalhava no comércio e não via essa possibilidade”, disse o funcionário.

    Indústria fechou mais de 3 mil postos de trabalho

    Os dados do Caged revelam a mudança do perfil econômico da cidade na última década. Enquanto nesses 10 anos, o setor de serviços criou mais de sete mil vagas formais de emprego, o da indústria foi que o que mais perdeu postos: foram 3.018 mil a menos no total. Neste período, o segmento empregou 52.776 mil trabalhadores.

    Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Carlos José Machado, a saída de grandes empresas como a Dentsply contribuiu para os dados negativos no setor. “Com o fechamento da Dentsply foram mais de 300 trabalhadores demitidos. Com certeza isso impactou nos dados do Caged. Mas, por outro lado, temos a GE Celma e a Alfa Laval, que, juntas, empregam cerca de 2.200 metalúrgicos”, comentou o sindicalista.

    A Dentsply encerrou as atividades em Petrópolis no final de 2017, depois de 65 anos instalada no município. O motivo do fechamento foi a fusão com a multinacional Sirona. Com isso houve a transferência das atividades para uma fábrica localizada na cidade paulista de Pirassununga.

    De olho na qualificação e nos salários

    Para o economista especialista em gestão pública Alan Vargas, a mudança do perfil econômico da cidade revela também outro cenário: a falta de mão de obra mais qualificada. Segundo ele, o setor de serviços tem a tendência de oferecer salários mais baixos, com menor exigência de qualificação profissional, diferente da indústria, onde a especialização em alguns setores tende a elevar os rendimentos.

    “Quanto mais qualificada for a mão de obra, maior será o salário. A indústria precisa dessa mão de obra e também de uma infraestrutura adequada para se manter em uma cidade. Três Rios, por exemplo, investiu para atrair as grandes empresas, o que não aconteceu aqui. O que temos na cidade é um polo industrial, na Posse, que não saiu do papel”, disse o economista.

    O piso estadual de uma camareira, por exemplo, gira em torno de R$ 1.300. Já um trabalhador com especialização entra na GE Celma com um salário de cerca de R$ 4 mil. “Quando a pessoa é qualificada, tem cursos específicos e se especializa, ela entra nas grandes empresas com salários acima de R$ 4 mil. Nenhuma grande empresa paga o piso porque a mão de obra tem que ser qualificada”, comentou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

    O economista ressalta que os investimentos precisam acontecer para que a cidade se beneficie economicamente e se consolide como um destino turístico. “Se houve essa mudança, então que sejam feitos  investimentos no turismo e que criem políticas públicas para que o setor de desenvolva ainda mais. Nada acontece sozinho. Os empresários batalham para que dê certo. Falta, agora, que o poder público faça sua parte”, frisou Alan.

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