• Sentimentos e emoções

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  • 28/12/2015 10:00

    Ataualpa A. P. Filho

    Escritor



    Nesse período natalino, considero oportuna a reflexão sobre “sentimentos” e “emoções". Isso, porque, robertocarlosneando, é preciso que se diga que em torno de um sentimento, “há tantas as emoções”. 

    Mesmo em se tratando de substantivos abstratos, amor e ódio podem ser conceituados de forma racional e lógica. Difícil é predeterminar as reações de quem é envolvido por um desses sentimentos. As emoções provocam reações fisiológicas: lágrimas, sorrisos, transpirações, tremores, taquicardias, etc.

    Ninguém consegue manter-se rigorosamente sob controle quando é invadido por um sentimento profundo. A expressão “perder a cabeça”, que quer dizer perder o tino racional, é comum ser ouvida quando a ira invade o coração de alguém. Nesse estágio, a pessoa acaba cometendo “uma besteira”, ou seja, as agressões eclodem de maneira intempestiva. O agir por impulso é comum nesses momentos. Quando isso acontece, geralmente vem o arrependimento. Mas o arrepender-se nem sempre consegue reverter ou reparar o estrago produzido em um momento de fúria. Mas o que se faz por amor raramente traz arrependimento e dificilmente se pede perdão por amar demais. 

    Não vejo vantagem alguma em alimentar o ódio. Concordo com o que afirmara Sêneca (4 a.C – 65): “Uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde”.   

    Guardar rancor é uma autoagressão. As reações fisiológicas provocadas pelo ódio fazem mal à saúde. A psicossomatização acarreta dor de cabeça, pressão alta, úlceras, além do nocivo estresse.  Foi Mahatma Gandhi (1869–1948) quem disse:

    “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.”

    Amar faz bem à saúde. O querer bem anula a ideia de vingança, por conseguinte, combate a violência. Embora não tenha, em mãos, nenhuma estatística, sou capaz de afirmar que, no dia 25 de dezembro, o índice de homicídio em nosso país é pequeno. Nesse período, os momentos de confraternização são maiores. O natal é para a família. É o momento de estabelecer a paz no próprio lar. O bom do amor é que ele desarma. 

    Para mim, o nascimento do menino Jesus consiste em um gesto de amor do Pai Eterno. E aqui não se trata de um sentimento, nem de uma emoção, mas da presença do Ser Amor que age e opera entre os homens. Quando se diz que “Deus é Amor” (1João 4,8), é preciso que se entenda que não se trata de um sentimento, nem de uma emoção, mas do Supremo Ser que É.  .

    A fé não é um sentimento, muito menos uma emoção, está além da crença, além do que a ciência possa mensurar. A fé é uma virtude e “opera pela caridade” (Gál 5,6). Acreditar na existência de um ser superior é fácil.  Confiar e ter fé requer um esforço maior. Por em prática os ensinamentos daquele em quem se acredita, requer uma mudança de comportamento. É preciso sair da comodidade, da “zona de conforto”. O “doar a vida pelo irmão” não é só uma prova de amor, revela também a fé no Criador.

    E aqui afirmo convictamente: se eu não acreditasse em Deus; mesmo assim, Jesus seria meu “ídolo”, pois não conheço ninguém que tenha passado pela face da Terra com tanta coerência e que tenha demonstrado tanto amor pela humanidade. Jesus está na história do homem. Habitou a Terra. Essa é, para mim, a razão do Natal. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Tenho, nesse versículo, a materialização do Amor entre nós.

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