• Sem manutenção, estradas do Brejal ficam quase intransitáveis

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 09/12/2018 09:00

    A duas semanas do verão, período de fortes chuvas, os moradores e produtores rurais do Brejal já se preparam para futuras dificuldades devido às más condições das vias da localidade, que são usadas para escoamento da produção local. Algumas máquinas da Prefeitura, disponíveis para desobstrução das vias, só estão funcionando graças ao empenho dos moradores e produtores, que se uniram para fazer uma vaquinha para a compra de óleo diesel e o pagamento de diárias de funcionários. A Prefeitura diz que a cooperação é uma “parceria” entre as partes. 

    Se a comunidade local já enfrenta problemas em períodos sem chuvas, eles podem ser ainda piores com a chegada do verão. Em julho deste ano, a Tribuna mostrou o estado de abandono de algumas vias da localidade, em específico, a Estrada dos Albertos, uma das maiores da região. 

    Na ocasião, a Sede Regional da Posse, responsável pela distribuição de materiais e máquinas para as vias da localidade, estava com máquinas quebradas, sem peças e sem materiais disponíveis, o que levou o Comitê das Estradas do Brejal a enviarem uma petição ao Ministério Público Estadual. No documento, o grupo solicitava que o órgão intimasse a Prefeitura para que fossem realizadas, em caráter de urgência, ações para dotar a Regional da Posse de recursos financeiros.

    “Passaram a patrol em algumas vias, mas não deram continuidade ao trabalho. Material nunca tem, máquina está sempre quebrada. Daqui a pouco estamos no verão e sem estrada”, reclamou o produtor rural, Ailton Lima, 50 anos.


    Referência na produção de orgânicos 

    No Brejal, são produzidos a maioria dos orgânicos que abastecem a capital diariamente, responsável também por 95% das folhagens oferecidas no Circuito Carioca de Feiras Orgânicas. Além de referência em produção.


    Perigo nas retas e nas curvas 

    Ana Rosa, filha de produtora, tem enfrentado problemas diários em função das condições de uma das vias, a Estrada Targinos. Ela já sofreu um acidente de motocicleta na via enquanto andava com sua mãe. Na época ela quebrou o tornozelo e sua mãe queimou a perna. A dona de casa já tem uma cirurgia ortopédica marcada para diminuir as dores que ainda sente. A Estrada Targinos não tem valas para escocar a água da chuva e uma das pontes está apoiada de forma precária.

    O aposentado Francisco Antônio Rodrigues, 69 anos, também se acidentou esta semana, quando caiu de moto em um dos piores trechos da Estrada Targinos. “Eu estava com a minha esposa e ela está muito assustada, porque mesmo passando muito devagar, tinha muita lama e sem nenhum espaço seco para passar e a moto caiu. É a segunda vez que ela passa por isso. É muito triste saber que o governo faz tão pouco caso do povo que mora aqui, somos pagadores de impostos como qualquer outro e temos direitos básicos”, reclamou.


    Moradores se unem para manter serviços básicos

    Depois de um longo período sem poderem contar com as máquinas da regional, elas voltaram a funcionar. Para operarem, no entanto, necessitam de dois itens importantes: diesel e motorista, garantidos graças ao rateio feito pelos moradores. “A regional tem uma patrol que dá uma melhora na rua, mas geralmente a galera tem que fazer vaquinha pra colocar combustível nela”, conta Matheus Carvalho, comerciante do local.

    O Comitê de Estradas do Brejal é formado por 15 pessoas, cada uma delas representa as 15 estradas da Micro Bacia do Brejal, criado em 2009, pelos moradores, com o objetivo de agilizar as demandas apresentadas e fortalecer o elo entre moradores e produtores, dependentes das estradas. O Comitê se reúne mensalmente na Regional da Posse, apresentando as demandas da localidade. Nesta sexta-feira (07), o grupo se reuniu novamente com representantes da Prefeitura para definir as estratégias e levar reivindicações, no entanto, nenhuma garantia foi dada aos representantes. “Eles falaram que não têm todas as máquinas disponíveis. As que estão disponíveis, não tem operador e ainda reforçaram que a Prefeitura não está mandando material”, disse o produtor, Ailton, representante da Estrada dos Albertos.

    Questionamos a Prefeitura sobre as vaquinhas realizadas pelos moradores, a fim de garantir as realizações das ações na localidade, e, segundo o governo “a equipe regional da Prefeitura, na Posse, e os moradores mantém uma parceria para que o trabalho de manutenção viária seja feito em acordo dentro do Comitê das Estradas”.

    O executivo não respondeu sobre a situação vivida pelos moradores, alegando somente que várias estradas vicinais já receberam o serviço de manutenção, entre elas: Arnaldo Duckehof, dos Albertos, Taquaril, Contrões, Cachoeirinha e Xingu. Diferente do que pode ser visto nas Estradas do Brejal, a Secretaria de Obras diz que a Estrada do Brejal já recebeu atuação do programa Mais Asfalto em três oportunidades entre outubro e novembro.

    “O povo daqui já está farto de políticos. Só prometem e nunca cumprem. Colocar saibro não adianta, três dias depois já saiu tudo. É sempre assim. Alguma coisa foi feita no último governo, mas ainda precisa de asfalto em todas essas estradas. Só a gente sabe o que se enfrenta nessas condições”, disse o morador, Antônio Francisco, 51 anos. 

     

    Últimas