• Sem coveiro, família sepulta sozinha parente na Posse

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  • 05/04/2019 11:55

    Há dois anos sem funcionário, o cemitério do Jurity, no Brejal, está entregue ao abandono. Nesta semana, um triste episódio causou revolta nos moradores da localidade. Uma família, com enxadas e outras ferramentas, teve de preparar a cova e fazer o sepultamento de um senhora de 76 anos. O caso aconteceu na tarde da última quarta-feira.

    A senhora Manuelina Dias Cordeiro, faleceu na madrugada de quarta-feira. Como já de costume, os familiares se dirigiram ao cemitério de Itaipava para pagar as taxas e fazer os trâmites em relação ao velório e sepultamento. Tudo ocorreu como de costume, e segundo os familiares, em Itaipava foi garantido que o coveiro estaria no cemitério do Brejal para fazer o sepultamento. Mas isso não aconteceu.

    O velório foi na capela do Brejal, e próximo ao horário do sepultamento os familiares se dirigiram ao cemitério, que estava com os portões fechados. Lá, tinha duas covas abertas. Segundo os familiares, uma estava com um pedaço de um caixão aparecendo e, na outra, com a ajuda de ferramentas, parentes da senhora prepararam a cova e fizeram o enterro. 

    “Fico muito triste como cidadão. Pagamos os impostos e não temos o direito nem de sepultar um ente querido. Eu sou sobrinho, mas os familiares mais próximos? Filhos, netos, estavam todos ali. Foi um transtorno se deparar com uma situação daquela”, disse com tristeza o sobrinho da falecida, Bruno de Oliveira.

    O descaso com o cemitério Jurity é objeto de denúncia já há algum tempo pelo vereador Ronaldo Ramos (PSB) na Câmara dos Vereadores. Em fevereiro, o vereador relatou o caso de uma moradora que foi até o cemitério fazer a limpeza do túmulo de um falecido e se acidentou. Sem o serviço de capina há meses, a moradora não viu, pisou em um túmulo e caiu.

    “Que descaso, falta de respeito. Isso não é a primeira vez que acontece. No ano passado, já pedia ao governo que contrata-se um coveiro não só para o sepultamento, mas para fazer a limpeza. Não é possível que não tenha chegado ao prefeito a falta do coveiro por dois anos. Falta respeito à memória e à família dos que foram sepultados lá”, disse o Ronaldo Ramos em sessão plenária na última quarta-feira.

    Segundo o vereador, após a saída do último coveiro, não houve substituição. Os trâmites referente os sepultamentos são feitos no cemitério de Itaipava. Sem um funcionário, o local não recebe capina e manutenção. “O coveiro anterior conhecia as famílias, tinha carinho e respeito pelos moradores. Assim, sem um coveiro no local, fazem a exumação de qualquer jeito, desocupam as covas e deixam abertas”, disse o vereador. 

    Um familiar que participou do sepultamento publicou fotos e um vídeo do momento nas redes sociais. As imagens geraram revolta em quem viu a publicação. “Estou muito chateado com essa situação, é um desrespeito muito grande com a família e sei que infelizmente essa não foi a primeira vez, e nada foi feito”, lamentou Sebastião Carlos.

    O vereador disse que vai buscar esclarecimentos e pedir soluções à prefeitura para que alguma atitude seja tomada pela guarda do cemitério.

    Em nota, a prefeitura lamentou o ocorrido. “A Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública, à qual a administração dos cemitérios é subordinada, lamenta o ocorrido, se solidariza com a família pela perda e também pela falta da assistência correta que deveria ter sido dada em um momento de dor onde é obrigatório o respeito. A Secretaria está entrando em contato com a família para apresentar desculpas e se colocar à disposição”.

    A prefeitura também informou que a quantidade de sepultamentos no cemitério do Brejal é pequena (média de 12 por ano) e confirmou que o atendimento é feito pelo Cemitério de Itaipava. “A administração dos cemitérios está abrindo uma sindicância para identificar o funcionário que não providenciou o deslocamento do coveiro para o Cemitério do Brejal e vai aplicar sanções cabíveis. Também está aumentando a equipe que atende os distritos”, informou.

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