• Resgate de identidade da Rua Teresa é essencial, dizem especialistas

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 16/10/2016 08:00

    A Rua Teresa está passando por um processo de reformulação. Isso foi o que afirmou a gerente regional do Sebrae, na Região Serrana, Claudia Pacheco durante o evento que reuniu diversos especialistas do setor de moda, na quinta e sexta-feira no Palácio de Cristal. Para ela, os empresários começaram a vislumbrar as mudanças que são necessárias para o cenário atual em que o país se encontra. Porém, a gerente acredita que essas transformações e as consequências práticas não acontecem da noite para o dia e devem levar até dois anos para começarem a apresentar resultados. 

    O seminário “Ganhando mercado em tempos de crise” reuniu profissionais que atuam no setor e têm como clientes grandes marcas como Osklen, Farm, Mercatto, Maria Filó, Hering e Via Mia. O evento já é um resultado de uma série de ações desenvolvidas pela entidade, quatro meses depois que o Sebrae apresentou o Mapa da Moda em Petrópolis, que apontou as principais deficiências do setor. A partir disso, foi elaborada uma programação a fim de capacitar os empresários para que consigam driblar a crise econômica que o Brasil enfrenta. 

    “Fizemos a pesquisa porque o cenário que tínhamos do setor era de 10 anos atrás. Precisávamos de uma noção atual para que pudéssemos investir em um planejamento a longo prazo”, disse. Isso incluiu vários segmentos de moda, calçados e acessórios. “Durante o seminário buscamos mostrar para os empresários que existem possibilidades e oportunidades, mas que é preciso buscar diferenciais. Além disso, foi abordada a importância do investimento nas mídias sociais”, disse. 

    Para a gerente, o ponto principal que deve ser reestruturado é o resgate da identidade. “Estamos em um momento que é preciso estar atento aos nichos, que aparecem rapidamente. As marcas precisam ter em mente que o consumidor busca o que é diferente, inovador e econômico. E não podem ter medo de buscar boas parcerias”, comentou. Ela citou ainda que um dos palestrantes do seminário, o apresentador da GNT Caio Braz, expôs o ambiente favorável em que Petrópolis se encontra no mundo da moda. Para ele, é mais simples fortalecer uma marca aqui, onde já existe um Polo de Moda consolidado, com um custo de vida mais baixo que nas capitais do país. 

    Claudia acredita que a Rua Teresa está de fato se transformando e salientou que o modelo de cópia de roupas e acessórios não se enquadram mais para a moda. “Existem dois tipos de empresários: os compradores e os que fazem a moda”, disse. E o cliente, aposta no segundo. Dentro desse contexto enfatiza que está na hora de fortalecer os produtos com a cara da cidade, ressaltar a criação local. “As lojas que estão fechando em Petrópolis, fechariam em qualquer lugar. Falta a percepção de que a moda precisa estar à frente, sendo resultado de pesquisas e análises”. 

    Outra medida importante é investir no espaço físico das lojas, seja com a aparência das vitrines, do ambiente e até mesmo com o cheiro. Segundo ela, o olfato é um diferencial competitivo inclusive quando o concorrente é comércio online (E-commerce). Este é um segmento que está crescendo a cada ano, mas para ela, aparece como uma nova plataforma de vendas. Ou seja o espaço físico é um ponto de venda, o ambiente virtual é outro. E eles estão juntos para somar e não para se anularem. “O nosso desafio é dar uma nova cara para os Polos de Moda da cidade. E aí não estamos falando só de Rua Teresa, mas também do Bingen e da Feirinha de Itaipava”, disse. 

    O momento é de investir em parcerias

    A palavra de ordem também é parceria. Isso envolve poder público, entidades e empresários em um trabalho integrado para unir forçar e contornar esse momento de transformação e de poucas vendas. “Deve-se buscar mais informação para inovação e isso envolve tanto a participação em eventos e feiras, quanto o contato com outras pessoas do setor. Essa troca pode levar a boas ideias. O que as pessoas precisam é se movimentar”, destacou. 

    Comércio online

    Em junho quando foi divulgado o Mapa da Moda, o estudo apontou que apenas 8% dos empresários do setor investiam em comércio online. Segundo Claudia, desde que a pesquisa foi apresentada, o cenário já tem mostrado mudanças. Ou seja, algumas lojas já estão procurando o Sebrae em busca de capacitação para ingressar no ambiente virtual. Na última semana, a entidade chegou a promover um encontro na Universidade Católica de Petrópolis (UCP) para discutir o assunto. 

    Apesar de estar se mostrando um mercado promissor e com índice de crescimento de vendas, enquanto as lojas físicas apresentam queda, a gerente ressalta que é preciso um planejamento antes de oferecer a mercadoria virtualmente. Isso porque é preciso investir em estrutura de estoque e de logística, assim como definir a região para onde aquele produto será ofertado. Nesse sentido, ela revelou que a maior parte das marcas destina suas vendas para a Região Sudeste, fazendo com que Norte e Nordeste fiquem carente dessa oferta, o que também representa um nicho para quem vai começar a investir no comércio online. 

    A importância de um bom atendimento

    Todo consumidor já deixou de comprar um produto por causa do atendimento. Ou já gastou o que não podia, porque o vendedor era muito bom. Em Petrópolis, ainda existe a deficiência de um bom atendimento. Para Claudia, deve-se investir em cursos de capacitação porque esta é uma área fundamental para a conversão de vendas. Além disso, ela lembra que os gestores também são responsáveis pelo mau atendimento. Isso porque devem proporcionar um bom ambiente de trabalho, com promoções e atrativos para o público interno. Ela entende que o funcionário deve se sentir motivado para que atenda bem os clientes. 

    Últimas