• Renitência

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  • 19/08/2016 12:00

    Bate e bate; repisa e repisa; repete e repete; transforma a mentira em verdade; torce a verdade em mentira; bate e bate; repisa e repisa; não deixa o outro respirar; vai em cima; a mentira vira verdade; adia e adia a discussão; ganha tempo; tempo ganho mas perdido; e perdido está o povo trabalhador autêntico, não invasor e nem corrupto.

    A novela e o novelo político comprimem-se ; esgarçam as fímbrias do tricô e do crochê de muitos laçadas, arremessando ao solo tanto o touro como o toureiro todo enfeitado para morrer num repente. Sabido que um dos dois irá morrer para delírio da populaça ávida por emoções.

    A tática é atirar no escuro para todos os lados e quem sacar a arma mais rápido e certeiro decreta o fim do contendor. Não se pode permitir que o inimigo respire. É bater e bater. Vale a bala perdida acertando em cheio qualquer inocente transitando no bangue-bangue. Azar o dele desde que a vitória sorria para qualquer um que aperta gatilho assassino.

    A imensa comédia brasileira está nos estertores da insanidade total, tal como os norte-americanos deitam em seus filmes que batem nas mesmas teclas de sempre, sob o heroísmo fabricado do superman indestrutível mas apaixonado. Por aqui um grupo enfraquecido tenta, no grito, permanecer na competição pela medalha de ouro do poder usando os chavões políticos que o mundo já rejeitou.

    Insistem porque insistem, porque esta a arma ao alcance de suas incapacidades objetivamente arrancadas nas urnas pelo fórceps da ignorância na qual está mergulhada boa parte da população brasileira, sob o jugo dos sequazes que puxam as carroças para receber sua quota de feno.

    É a comédia permanente dos enganos, sonhos de uma noite de verão, nunca concretizados porque sonhos e nada mais. Como disse aquele filósofo do cancioneiro popular na marchinha que define toda a objetividade do grupo ávido pelo poder: -"Mamãe, eu quero!".

    E chega-se ao zênite da tragédia anunciada: a mãe dos brasileiros, eleita por mais de cinquenta milhões de dedos nas maquininhas de votação, molhados em gorduras de propinas, não quer sair, escreve uma carta, repete e repete a ladainha, expõe-se a mais um momento de total ridículo, mesmo que leia texto da assessoria, sem seus cacos e deslises gramaticais, semânticos e saborosamente humorísticos, saídos de um cérebro que não pega nem no tranco.

    Pelos fundos do alvorada já desapareceram as linhas do torto que forjou a criatura arrancada do raio que partiu das altitudes que supunha poder dominar, porém sem alicerces no solo capazes de solidificar a areia movediça do projeto que não emplacou.

    E, agora, a carta ao senado, catilinária nada brilhante, oca, vazia, repetitiva, que pede alforria pela burrice, prometendo fazer melhor o dever de casa, como se fosse possível a minhoca ostentar cabeça, pernas e braços.

    Afinal, a minhoca não existe porque é um bichinho sem pé nem cabeça tal e qual a criatura gerada e montada com os detritos apanhados nos mausoléus da inconsequência, para alimentar um único objetivo: o poder.

    E o poder a eles todos machucou, porque segundo a literatura de horror, os zumbis se entrechocam entre eles, avançando ao nada, explodindo como pipocas. E o resultado final sempre será explodir tudo e, das cinzas fumegantes obter-se o mágico revivescer de uma flor. 

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