• Reflexões sobre autoridade educacional

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  • 07/01/2020 11:48

    Sempre que somos convidados a refletir sobre o que é e como alguém se torna uma autoridade. Temos a tendência em pensar na parte técnica: o tom de voz, a didática que aprendemos ao longo da vida, de como mantermos uma distancia nas relações, como é o papel do professor, tudo que deve saber e ser para se enquadrar na figura da autoridade.

    Mas hoje o convite é para que façamos o inverso, o de diminuir os nossos saberes técnicos e colocarmos o humano, a nossa bagagem de vida, as nossas experiências e substituir a distancia pela aproximação.

    A autoridade vem da vontade de entender um olhar sobre as perspectivas e anseios do outro. De relembrar tudo que o que passamos e que nos ajudou a formar quem somos hoje, sem diminuir aquilo que reclamávamos por não ser levado a sério, porque isso sim é reconhecido por aquele que busca em nós respostas que dêem luz e que nem sempre estão nos conteúdos.

    Precisamos começar a nos atentar para o novo que nem é tão novo assim. A relação de ensinoaprendizagem está também no ensinar com as suas experiências e aprender com as experiências do outro. Desacompanha todo o tradicional que por tanto nos foi imposto. Ora, como poderia ser diferente? Se as práticas mudam e as óticas se multiplicam, como poderíamos nós, que vivemos da matéria humana nos distanciar, quando o produto da nossa obra – que é construída com uma parte de todos nós, somado daquele que é agente da própria transformação – não é outro senão a evolução do outro e de nós mesmos?

    É nessa relação que a autoridade se constrói. Somos ouvidos quando outrora ouvimos, explicamos quando em outro momento aprendemos, somos respeitados quando respeitamos aquilo que alguém não se dispôs nem a ouvir.

    É uma relação muito difícil de construir? É sim, e não é pra ser fácil mesmo. Pessoas são únicas e lidar com isso em larga escala é muito difícil, mas e se nós, no lugar de querer abraçar o mundo não abraçamos as partes dele, em situações em que o outro está só, no momento em que aprender um conteúdo tem peso de vida ou morte por representar, naquele momento, algo tão grande. Estreitar é o caminho, distanciar é perda de tempo e de chance de evoluir com o outro. Estreitar é o caminho para a autoridade educacional legítima.

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