Projeto Independência é implantado no Centro Educacional Comunidade São Jorge
Oito meses após ter sido interrompido pela Prefeitura, o Projeto Independência está sendo implantado em uma nova unidade: o Centro Educacional Comunidade São Jorge. A escola, também localizada no bairro Independência, atende 115 alunos da educação infantil e do ensino fundamental. A proposta do projeto é inovadora é tem como objetivo uma educação baseada no trabalho em comunidades de aprendizagem.
"As crianças daqui vão ter a oportunidade de uma educação mais humana. Estamos muito feliz por esta parceria, porque antes disso tudo acontecer lutávamos sozinhas para uma educação de tempo integral e integrada, agora vamos poder mudar a realidade das nossas crianças", disse a diretora da escola, Márcia Lacerda. "Se depender da gente o projeto nunca mais sai daqui", brincou.
O projeto Independência tem o apoio da empresa EcoHabitare e da organização não-governamental Parceiros da Educação e começou a ser desenvolvido na Escola Municipal Independência em 2015. Em janeiro, sem aviso prévio e sem ouvir a comunidade, a Prefeitura interrompeu o projeto que atendia 60 estudantes do 3º, 4º e do 5º ano do ensino fundamental.
O encerramento do projeto virou alvo de uma ação civil pública proposta pela 1ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Petrópolis. Algumas reuniões foram realizadas entre o MP, a Prefeitura e os diretores da EcoHabitare, além da comunidade do Independência para reverter a situação. No entanto, o projeto não pode retornar a antiga escola e a Prefeitura ofereceu uma outra unidade para a implantação do mesmo.
"O Projeto Independência era um modelo a ser seguido e implantado em outras escolas. Infelizmente algumas questões de logística impediram que ele retornasse para a antiga unidade. Estamos acompanhando a implantação do projeto nesta outra escola e esperamos que tudo de certo", disse o promotor de Justiça da Infância e Juventude Vicente de Paula Mauro Junior.
O Centro Educacional Comunidade São Jorge é uma unidade conveniada que existe há mais de 30 anos, sendo fundada por uma ong que leva o nome. Atualmente, a escola está passando por reformas e adaptações para receber o projeto. A obra está sendo realizada pela Parceiros da Educação, pela ong que fundou a escola e também por membros da comunidade.
"É uma etapa interessante para a formação das nossas crianças. Acreditamos que com essa parceria vamos conseguir atingir os nossos objetivos e modificar a realidade dessas famílias e sobretudo desenvolver a cidadania", ressaltou o diretor da ong Centro Educacional Comunidade São Jorge, Alcindo Gonçalves.
A coordenadora de projetos do EcoHabitare, Claudia Passos, ressalta a forma como a escola "abraçou a causa". "Eles nos receberam muito bem, estamos empolgados que tudo vai dar certo. Ainda estamos caminhando, os professores estão passando por capacitação e a comunidade está participando de reuniões. Conseguimos junto a secretaria de Educação que as duas professoras que atuavam na Escola Independência fossem transferidas para o Centro Comunidade São Jorge, porque elas já estão envolvidas com o projeto e poderiam ajudar muito nesta nova etapa", ressaltou.
Esta semana, o educador e consultor da EcoHabitare, Diogo Alvim iniciou a capacitação das professores da escola. "A escola vai passar por toda uma reconfiguração da prática pedagogia. É uma nova realidade para toda a comunidade", frisou.
No Projeto Independência o aluno fica na escola sete horas por dia e além do currículo regular, participa de oficinas e outras aulas extracurriculares que acontecem em espaços reconfigurados, com as carteiras dispostas de modo a incentivar a participação nas aulas. O material escolar é coletivo, e todas as regras de convivência foram pactuadas entre professores e alunos. Além disso os estudantes têm, ao longo do dia, três intervalos de dez minutos cada – e são eles que definem o horário.
O projeto tem a proposta de ser intersetorial e contava com a participação de educadores, um psicólogo, um representante do setor de Educação Integral da Secretaria de Educação, e uma representante de universidade. O modelo de ensino foi pensado pelo educador e pedagogo português José Pacheco, que idealizou a Escola da Ponte, em Portugal, e desenvolve o Projeto Âncora, em uma escola da periferia de São Paulo.
"A decisão de ir para outra escola foi tomada pela secretaria de Educação. O que é importante ressaltar é que o projeto é da comunidade do Independência. Estamos em uma escola dentro do bairro e temos esperança que o projeto siga para outras unidades", concluiu José Pacheco.