• Procura quase triplica nos pontos de apoio para covid-19 e falta de médicos preocupa

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  • 11/12/2020 11:11

    As filas de espera nos pontos de apoio para atendimento de pacientes com sintomas de covid-19 não deixam dúvidas: a procura aumentou significativamente. Segundo informações da Secretaria de Saúde, o número de atendimentos saltou de 70 por dia, em média, para 200. E essa corrida às unidades, agora, tem desdobramentos: sem reforço das equipes e com dificuldade de manter os plantões completos, o tempo de espera só aumenta: nesta quarta-feira (9) teve gente que esperou oito horas no ponto de apoio ao lado da UPA do Centro, mas descobriu que não havia médicos no local. Acabou saindo sem atendimento. 

    O mesmo problema aconteceu no fim de semana, quando não havia profissionais para atender os pacientes. Para quem precisa de socorro, o sentimento é de frustração e lamento. “Ficamos de 15h30 até quase meia-noite. Foram mais de 8 horas esperando numa tenda onde estávamos em risco de contaminação com outros pacientes, pegando chuva (porque não tem cobertura lateral), com fome, frio e um banheiro químico (sem luz e sem papel) à disposição. E, depois de tanta espera, o resultado foi voltarmos para casa sem atendimento. O sentimento é de desconforto, humilhação e indignação diante do dia que passou”, disse uma paciente, que preferiu não se identificar. Ela procurou a unidade acompanhada da mãe, que sentia dores na garganta. 

    O relato da paciente é parecido com vários outros que a Tribuna vem recebendo ao longo das últimas semanas. São pessoas que ficam horas e horas nos pontos de apoio, sem que consigam o atendimento. Com sintomas, elas esperam fazer o exame para a Covid-19, mas acabam sem atendimento e expostos a riscos. 

    Durante reunião semanal de representantes da Prefeitura com procuradores dos ministérios públicos Federal e Estadual, o governo municipal confirmou o aumento na procura pelos pontos de apoio nas últimas semanas, mas informou que “por ora, não há como aumentar o atendimento, ante a falta de médicos disponíveis”. Segundo representantes do governo municipal, “até os hospitais particulares estão com dificuldades de aumentar suas equipes”. 

    Procurada pela Tribuna, a Prefeitura informou, sobre a falta de profissionais no fim de semana, que o motivo foi a “realização de provas de residência”. Já sobre a falta de médicos na quarta-feira, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que “o ponto de apoio do Centro esteve com seus atendimentos restritos até meia-noite e trinta”. Isso porque, segundo o município, dois médicos foram deslocados emergencialmente para a UPA devido uma parada cardiorrespiratória, na sala vermelha, e mais dois pacientes apresentando grave piora nas salas amarelas. “Vale dizer que os pacientes foram estabilizados e nenhum veio a óbito. O outro médico havia sido deslocado para o acompanhamento de um paciente numa tomografia computadorizada. São fatos que ocorrem durante os atendimentos e necessitam do apoio de outras pessoas da equipe”, justificou o governo.

    A equipe da Tribuna esteve no ponto de apoio na manhã desta quinta-feira (10). O local estava lotado e havia médicos para atender os pacientes. No entanto, apesar da equipe completa (segundo a Prefeitura há três profissionais na tenda nesta quinta), a espera pelo atendimento era superior a três horas. Em nota, a Prefeitura informou que a demora pelo atendimento é devido ao aumento na procura pelos pontos de apoio.

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