• Prestes a nascer

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  • 29/06/2016 12:00

    171 anos da chegada dos germânicos a Petrópolis é data para ser muito comemorada e relembrada.

    No alto da serra, os caminhantes exaustos recebem a primeira notícia alvissareira:

    -Chegamos!

    -Chegamos?! – bradam alguns.

    -Finalmente, graças a Deus! – diz um homem desvencilhando-se do pesado fardo, que arremessa ao solo.

    -Deus seja louvado ! – e a mulher comprime contra o peito o filhinho que dorme.

    Júlio Frederico e sua esposa Maria De Lamare ajudam os primeiros a chegarem, amparam os mais idosos e acomodam as mulheres fatigadas. Meninos afastam-se e penetram mata adentro.

    -Crianças, voltem ! Que ninguém deixe o grupo !

    Lentamente assentam-se os mais velhos em pedras e no solo, as crianças regalam-se com frutinhas silvestres, o Major Koeler desdobra-se em atenção, sob muita preocupação:

    -Atenção ! Descansem o tempo necessário, agasalhem-se, juntem-se e acendam um fogo. Enquanto recuperam as forças, estarei tomando o nome de cada um – diz Koeler em alemão, o que surpreende a todos –. e ele sorri : eu sou de Mainz e hoje sou o encarregado pelo bem-estar de todos.

    Forma-se um compacto grupo, densamente envolto pela neblina de junho; vozes elevam-se declinando nomes e interjeições de espanto, sob o cansaço que desmonta a alguns que proferem palavras de alguma revolta… Eis o quadro desenhado na paisagem do frígido povoado que recebe vida e calor.

    O superintendente responsável já tem a ideia concisa para alojar toda aquela gente.

    Após o descanso da íngreme subida, os caminhantes prosseguem em nova trilha:

    -Caminhemos para a casa da fazenda. Apenas alguns metros a mais – diz Maria De Lamare, junto às mulheres e crianças.

    E o denso ruço, úmido e frio, à medida que avançam os pioneiros, vai revelando a magia da serra e, ao dissipar-se, aves saúdam a alvorada, a mata bordada de orvalho produz lágrimas balsâmicas e toda a colorida natureza acolhe e abriga os novos filhos.

    No Córrego Seco, a edificação é acolhedora, quanto tosca. Efetivam-se as prioridades, as acomodações apertadas pelo menos diminuem o frio, que é intenso e todos passam a primeira noite no novo lar.

    Nenhuma vigília, nenhum barulho intenso, a dormida refaz as energias.

    Todos seguem Júlio Koeler. O projeto do engenheiro anima e toca o coração de todos.

    -Que família veio de Darmstadt?

    -E do Bingen?

    -E de Woerstadt?

    Para alguns não veio o sonho ; para outros é o sonho realizado; para quase todos, a esperança de novos dias e uma vida melhor e menos sofrida do que aquela perfurada pelos morteiros da guerra.

    Há 171 anos vida nova para a terra e nova vida para a intrepidez germânica!

    Saúde! Paz! Concórdia! Muito amor para todos, que são bem-vindos.

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