• Prefeitura admite falta de reboque para retirar carros estacionados irregularmente

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  • 17/10/2019 14:25

    As placas de sinalização ao longo da Av. Barão do Rio Branco, na pista sentido bairro, indicam a proibição de estacionamento na rua por conta da existência de uma ciclofaixa. O espaço, que é compartilhado entre motoristas e ciclistas, foi sinalizado em 2014, diante da crescente demanda por áreas para uso da bicicleta. O problema é que, apesar da sinalização, o estacionamento nunca foi, de fato, proibido. A presença constante de veículos nos pontos de maior movimento deixa claro que a fiscalização não é efetiva. Embora a Prefeitura garanta que há multas a quem estaciona irregularmente, a verdade é que raramente há punição a quem ignora a proibição. 

    As explicações não são oficiais, mas há anos sabe-se que3 os fiscais enfrentam um dilema: como proibir a parada em trechos como o que existe próximo ao Fórum se praticamente não há opções de estacionamento na região? Por outro lado, se a via está sinalizada, a proibição existe e a parada irregular expõe quem utiliza a ciclovia. Em trechos onde há carros estacionados, os ciclistas são obrigados a desviar e disputar com os carros um espaço na faixa de rolamento. Agora, com a morte de Carlos Alberto Guimarães da Silva, na terça-feira, atropelado na pista sentido bairro, na altura do Samu, a discussão volta à tona. 

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    A Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe) cobra maior fiscalização do Município para impedir a irregularidade, mas o próprio Governo Municipal admite que tem dificuldades. Um dos principais é a falta de reboque, que impede a retirada dos veículos estacionados irregularmente. A associação, que emitiu uma uma nota oficial após a morte do ciclista, explicou que, aoo cobrar maior fiscalização, o diretor da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Jairo da Cunha Peres, informou  que não há como remover os carros parados irregularmente por falta de reboque. No texto, a associação ressalta que “entende a dificuldade para remover os veículos de motoristas infratores, mas segue cobrando a fiscalização, que prevê a multa para quem desrespeita a ciclofaixa”. 

    O Código de Trânsito Brasileiro proíbe o estacionamento de veículos nas ciclofaixas. A infração é considerada grave, sujeita a multa e guincho. Quem anda de bicicleta, diariamente, seja por esporte, como meio de transporte ou por lazer, pede mais fiscalização nas ciclofaixas. “Só ando na Barão de manhã bem cedo, antes das 7h ou então à noite, quando o fluxo de carros é menor. A via é muito perigosa e a sinalização em alguns trechos é inexistente”, alertou o atleta profissional de mountain bike na modalidade XCO, Ricardo Macedo, de 52 anos.

    Para ele, é preciso intensificar a fiscalização. “Vários amigos meus já foram fechados por outros veículos. Sempre tem um ciclista com uma história assim para contar. Muitos motoristas ainda não respeitam os ciclistas”, comentou Ricardo Macedo. Ele também acredita que a retorno dos radares daria mais segurança para quem anda de bicicleta na Barão do Rio Branco. “Com o radar os motoristas respeitavam mais os limites de velocidade, agora não tem mais isso”, frisou o ciclista.

    Para o diretor de marketing da Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe), Vinicius Ferreira, coibir o estacionamento irregular nas ciclofaixas é o primeiro passo. “Os carros parados de forma irregular tiveram papel fundamental na morte do ciclista. Desde que a ciclofaixa foi criada nós combatemos essa questão e estamos em contato com a CPTrans para que intensifique as ações de fiscalização”, comentou o diretor.

    A Acipe acredita que tragédias como a que vitimou Carlos podem e devem ser evitadas. “É necessária uma ação de caráter emergencial, especialmente com relação à fiscalização do estacionamento irregular na via. Além disso, o episódio lamentável é mais um motivo para a associação intensificar a ações educativas”, informou, em nota.

    O acidente

    Segundo testemunhas, Carlos Alberto foi desviar de um carro estacionado na ciclofaixa e acabou sendo atingido por outro veículo. Ele morreu a caminho do hospital. 

    Falta de reboque

    Petrópolis est[á há dez meses sem o serviço de reboque. O contrato com a empresa Rodando Legal, que prestava o serviço desde 2014, terminou em dezembro do ano passado. O edital de licitação para contratar uma nova empresa foi feito, mas foi recusado três vezes pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ). A CPTrans (Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte) afirma que o serviço está sendo prestado em caráter emergencial, mas nas ruas a realidade é outra. 

    Leia também: Falta de reboque agrava problema de estacionamento irregular

    Os veículos fazem filas sobre as calçadas nos quatro cantos da cidade. Em ruas estreitas, mesmo quando não estão sobre a calçada, com frequência bloqueiam a passagem de coletivos. Por todos os lados é possível ver desrespeito à sinalização: são carros parados em local proibido, em curvas, em pontos de ônibus ou em vagas demarcadas para outra finalidade. A Prefeitura afirma que agentes de CPTrans e a Guarda Civil tem intensificado a fiscalização, mas as multas não têm surtido efeito para coibir a prática. 

    O presidente da CPTrans, Jairo da Cunha, na ocasião da apresentação do Anuário de Estatísticas de Acidentes de Trânsito, disse à Tribuna que a companhia já definiu o terreno que será o depósito dos veículos, e que o local estava em fase de licenciamento. Nesta semana, a CPTrans foi questionada sobre o andamento do processo para a apresentação do edital ao TCE e respondeu que irá elaborar um novo edital para atender todas as demandas já encaminhadas pelo TCE. No entanto, não deu prazo sobre quando isso será feito. O Tribunal deu parecer de recusa pela terceira vez em junho. 

    O desrespeito as leis de trânsito tem custado caro. Na terça-feira, a morte do ciclista Carlos Alberto Guimarães da Silva, de 57 anos, chamou a atenção para a quantidade de carros que estacionam na ciclofaixa em diversos trechos da Avenida Barão do Rio Branco. A Tribuna vem noticiando diversas denúncias de moradores de diversas outras localidades, que têm sofrido com o estacionamento irregular. 

    As empresas de ônibus contabilizam os prejuízos causados pelo estacionamento irregular. Desde o início do ano, elasenviaram um total de 136 ofícios à CPTrans cobrando fiscalização sobre o estacionamento irregular de veículos particulares. “Vale ressaltar que os ônibus sofrem constantemente com o estacionamento irregular de veículos em diversas regiões da cidade. Esse problema prejudica a operação dos coletivos, causando perdas de viagens, atrasos e mudanças de itinerários”, disse o Setranspetro, por meio de nota. 

    A CPTrans foi questionada sobre como o serviço de reboque está sendo feito no município, e disse que, em caráter emergencial, é realizado pela própria companhia com a contratação de reboque para atendimento às demandas. Também foi questionada para qual depósito estes veículos estão sendo encaminhados, mas não respondeu a pergunta. 

     

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