• Prédios históricos de Petrópolis estão vulneráveis por falta de fiscalização

  • 05/02/2019 09:09

    Com alvará da prefeitura, mas sem a certificação do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), o prédio incendiado nesse domingo (3) onde funcionava uma academia e uma lanchonete, na Rua do Imperador, entrou para a lista das tragédias que poderiam ser evitadas em Petrópolis. Sem a fiscalização dos órgãos que regulamentam o funcionamento destes estabelecimentos, os prédios históricos da Rua do Imperador estão cada vez mais vulneráveis a este tipo de incidente.

    Os prédios da Rua do Imperador são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 1998. Com importante valor histórico e cultural para a cidade e para o país, a maior parte dos prédios é ocupada pelo comércio. Alguns são restaurantes, estúdios, locadoras, salões de beleza, academias, entre outros. Por fora, a beleza arquitetônica passa por vários estilos, do clássico e do rococó ao gótico – referências arquitetônicas de bem mais de um século. Mas por dentro, a ameaça permanente das redes elétricas e hidráulicas que sofrem falta de manutenção e não estão adaptadas para a exploração comercial dos dias atuais.

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    “O valor histórico destes imóveis é incalculável. As características arquitetônicas da época não têm como ser repetidas hoje. E, por isso, é importantíssimo que sejam preservadas. Mas internamente, esses prédios precisam passar por uma modernização, para que novos incidentes não aconteçam”, destacou a arquiteta e urbanista Cris Moura. Para a profissional, estas tragédias poderiam ser evitadas se tivesse mais rigidez no processo de regularização. “É um processo burocrático, que é cansativo, mas extremamente necessário para impedir que esse tipo de coisa aconteça”. 

    Esse não é o primeiro incêndio que acontece em estabelecimentos comerciais no Centro. Além do supermercado Extra, em 2017, o restaurante Bob's, na Rua 16 de Março, já passou por isso, pelo menos, três vezes. Na Rua do Imperador, uma agência bancária e uma loja de departamento, além de um restaurante na Rua Marechal Deodoro, também foram alguns dos estabelecimentos que tiveram registro de focos de incêndio no ano passado.

    “Quando tem estas ocorrências, ouvimos da fiscalização do Corpo de Bombeiros que não tem gente suficiente, tem horas que dizem que o processo é simplificado. A prefeitura em contrapartida sempre quer facilitar os alvarás para desenvolvimento econômico, mas não fiscaliza para evitar essas ocorrências. Nos últimos anos, por sorte, não houve um sinistro maior, porque aconteceram quando os estabelecimentos estavam vazios. Mas tem que ter fiscalização recorrente, para que não aconteçam novas tragédias”, disse o presidente do Instituto Civis, Mauro Correa.

    A prefeitura não informou sobre quais medidas serão tomadas para que seja evitada esse tipo de ocorrência, como aconteceu no último fim de semana no número 982 da Rua do Imperador. A lanchonete teve o alvará concedido pela Secretaria de Fazenda em setembro do ano passado. Já a academia teve o alvará concedido em maio de 2008. 

    O Inepac está acompanhando a apuração do ocorrido e a futura recuperação. Segundo o Instituto, foi solicitado ao Corpo de Bombeiros o Termo de Ocorrência para saber o que aconteceu. Também já foi solicitado um laudo à Defesa Civil sobre a estabilidade da edificação. Uma arquiteta do Inepac esteve no local nessa segunda-feira (4) e constatou que parte da estrutura de sustentação o piso ruiu, por serem barrotes de madeira. Também o telhado foi afetado, no trecho onde funcionava a lanchonete. Houve danos também nas esquadrias. Ainda segundo o Inepac, será solicitado ao proprietário que contrate serviços de escoramento da edificação. E posteriormente, o mesmo necessitará apresentar um projeto de recuperação do imóvel.

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