Por que estudar história?

A cidade de Petrópolis, cercada de história desde a sua projeção, não poderia deixar a desejar quanto a sua rotina acadêmica, não é mesmo? O curso de História da Universidade Católica de Petrópolis, forma com frequência alunos apaixonados por seu ofício. Todo historiador, no entanto, já se deparou com o clássico livro de Marc Bloch e o diálogo entre ele e seu neto. Ao ser questionado para que servia a História, Marc Bloch disse que, pelo menos, servia para divertir. 

A diversão é, sem dúvida, essencial para manter o interesse, por isso fazer da história algo curioso, encantador, é uma dádiva, mas a história é, além disso, uma forma de conhecimento essencial para a compreensão de tudo o que diz respeito aos homens. Toda reflexão sobre o destino humano passa pela História. A História é fundamental para o pleno exercício da cidadania. 

O processo natural da História nos remete a interpretações do passado a partir das experiências humanas ao longo do tempo, nos levando a uma consciência do que fomos para transformar o que somos. A História não é mais, de forma alguma, algo decorado ou aprendido pela repetição. A História do nosso tempo é viva, reflexiva e passa por várias áreas do saber como a antropologia e a sociologia. 

Na educação infantil, quando começamos a nos identificar com nosso espaço social, a História é apresentada como parte do nosso cotidiano de forma palpável. Nossos avós, nossos bisavós, nossa árvore genealógica, a memória. Tudo começa a fazer sentido de forma gradual. No ensino fundamental II, de forma mais enérgica começamos a compreender com mais profundidade os egípcios, gregos, romanos, mais a frente chegamos ao Brasil e começamos a questionar a escravidão. 

Por que aconteceu? Como aconteceu? Que sequelas essa História apresenta no meu mundo? Essas perguntas são naturais e é um momento incrível no conhecimento histórico. A partir dessas reflexões a História assume seu papel de fato, levar a reflexão do passado para com a atualidade.

Estamos acostumados com frases do tipo “estudar História para não repetir o passado”, mas nem sempre essa frase faz sentido, pois se observarmos a História pode se repetir a todo tempo. O que se deve fazer é identificar os movimentos das populações e em que direção à sociedade caminha. 

O saber, em qualquer área, é sempre um convite à mudança. O conhecimento é um mundo de possibilidades que o ser abre para dentro de si. Com a História não é diferente; estudá-la é um convite a mudanças profundas na forma de ver o mundo e a sociedade como ela sempre se apresentou. 

Estudar História é questionar e compreender que nada e nenhuma cultura é inocente. Tudo tem um motivo para ser como é, e tudo tem uma explicação. A História não deve ser vista como uma matéria curricular para um complemento de conteúdo escolar, ela deve ser encarada como uma oportunidade de mudança pessoal e social.