• Por que devemos entender os porquês?

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  • 20/02/2020 11:47

    Este, sim, é um assunto cabeludo e problemático! Não há um dia sequer sem que alguém me pergunte sobre o uso adequado dos porquês. Muitos professores, para facilitar o entendimento e repletos de boas intenções, explicam que em pergunta você escreve separado e nas respostas sempre junto. Ok. Porém essa explicação é muito simples e não tem resolvido a dúvida de muita gente.

    Tentarei ser o mais clara e breve possível. Espero conseguir! A primeira questão, e a mais fácil, é o uso do porquê na função de pronome interrogativo. Nesse caso, é importante observar sua posição na pergunta, o lugar em que ele é posto na frase. Caso venha em posição inicial, no começo de frase, ele será separado e sem acento. Assim: por que você é professora? Se ele vier na posição tônica, isto é, ao final da frase interrogativa, seguido de pontuação, escrevemos separado e com acento. 

    Deste modo: você é professora por quê? A mesma regra se aplica a perguntas indiretas, ou seja, aquelas que não possuem ponto de interrogação. Por exemplo: gostaria de saber por que você é professora. O segundo caso trata das conjunções explicativa (coordenativa) e causal (subordinativa). Em ambas usamos os porquês juntos e sem acento: sou professora porque essa foi minha opção de vida. Temos aqui uma mera explicação. Não há, nessas frases, uma relação de causa e efeito.

    Observe esta outra: o rio transbordou porque choveu muito durante horas. Há entre essas ideias uma explícita relação de causa e consequência. O terceiro caso, talvez o mais difícil de compreender, é referente ao uso do porquê como pronome relativo, aquele que se refere a um termo antecedente (em respostas) ou subsequente (em perguntas). Lembra-se disso? Este porquê pode ser usado tanto em perguntas quanto em respostas. A diferença está no fato de que ele sempre será grafado separado e sem acento. 

    Vamos ao exemplo: quero saber por que razão você chegou atrasada (pergunta indireta); por que motivo você atrasou? (pergunta direta); o motivo por que atrasei foi o excesso de trânsito (resposta). Nesses três exemplos, o pronome relativo (por que) pode ser substituído por: por qual e suas variantes (pelo qual, pela qual, por quais, pelas quais, pelos quais). Nas construções dos itens anteriores, isso não é possível. Tente! O quarto e último caso, provavelmente, você já tenha entendido. 

    Sempre que usamos o porquê na função de um substantivo, ou seja, para nomear alguma coisa, ele deve ser grafado junto e com acento. Repare também que esse porquê vem sempre acompanhado de um determinante: um artigo, um pronome, um numeral… Ele pode até flexionar em número, ele tem plural! Todos esses porquês possuem uma razão lógica de ser. Variam de acordo com a intencionalidade de sua fala. 

    Dizem que para bom entendedor meia palavra basta. Esse antigo provérbio parece vencido, obsoleto, ultrapassado, anacrônico, diriam. Hoje, muito pouca gente é bom entendedor. Cada vez mais a comunicação entre as pessoas tem se tornado impossível. Poucos são capazes de entender ou de se fazer entender. Logo, não vá com meias palavras. Seja completo, claro e objetivo, caso você deseje ser entendido. rosinabezerrademello@ gmail.com. 

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