• Polícia Federal busca peças furtadas da coleção Geyer, do Museu Imperial

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  • 18/01/2017 09:10


    O desaparecimento de 124 obras de arte da família Geyer, que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio do Museu Imperial em 2014, motivou uma operação realizada pela Polícia Federal (PF) na manhã de hoje. O material e a Casa Geyer, subunidade do Museu Imperial, que fica no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, foram doados à instituição em 1999, mas o acervo passou ao controle do museu petropolitano em 2014, após a morte de Maria Cecília de Sampaio Geyer, viúva de Paulo Geyer, doadores da coleção. Porém, parte desse acervo sumiu e, desde aquele ano, o caso é investigado. Com a Operação Antiquários, a PF cumpriu três mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, com o objetivo de localizar as peças e aprofundar as investigações do crime de furto qualificado. Os mandados foram expedidos pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Os itens subtraídos da coleção foram inseridos no Cadastro de Bens Musealizados Desaparecidos. 

    O acervo doado pela família Geyer reúne livros, álbuns, pinturas, gravuras, litografias, desenhos, mapas e demais objetos de arte reunidos durante 40 anos, totalizando 4.255 obras. Conforme informações divulgadas pela PF, a doação foi feita por escritura pública de um imóvel e de milhares de obras ao Museu Imperial. As investigações do inquérito policial apontam que, em 2014, parentes dos próprios doadores podem ter se aproveitado desta condição para subtrair diversos itens doados, antes da incorporação definitiva das peças ao acervo do Museu, e após o falecimento do último doador, que permanecia com a propriedade dos bens na condição de usufrutuário. A PF informou ainda que as investigações contam com o apoio do próprio Museu Imperial. A polícia suspeita que os investigados faziam de suas residências e escritórios galerias privadas com o acervo desviado. As penas do furto qualificado podem chegar a 8 anos de reclusão e multa.



    Museu apoiou investigações


    Em nota, o Museu Imperial informou que as investigações sobre as obras de arte tiveram início em 2014, ano em que morreu Maria Cecília. Na época, foi divulgado que a família era proprietária de mais de 50 apartamentos, a maioria localizada na zona sul do Rio, avaliados em R$ 100 milhões. O caso ganhou repercussão nacional por uma série de motivos, entre eles que, no testamento, Maria Cecília, que tinha na época quatro filhos vivos, do total de cinco que o casal teve, chegou a deserdar uma filha e um neto. 

    O Museu Imperial informou ainda que a participação de técnicos do Ibram, a convite da PF, teve como objetivo contribuir para a integridade dos bens culturais, a partir do acompanhamento e da fiscalização das atividades de embalagem e transporte das peças a museus que ficarão com a custódia dos objetos apreendidos até o final das ações a cargo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. 

    O tombamento da coleção Geyer foi aprovado em 4 de dezembro de 2014, em Brasília, durante a 77ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Com o falecimento dos doadores, o Museu Imperial assumiu a coleção e a edificação que a abriga, localizada no Cosme Velho, aos pés do Cristo Redentor, tendo como objetivo principal torná-la espaço aberto ao público, cumprindo o desejo do casal.


    O espaço expõe imagens do Rio de Janeiro real e imperial, seus logradouros, sua gente e natureza ali destacados. São 1.120 itens iconográficos produzidos por artistas de várias nacionalidades, 2.590 livros que enfatizam registros de viajantes e cronistas em terras brasileiras durante o século 19. Dentre os itens de arte decorativa, o total de objetos chega a 466, e é formado por quase 200 pinhas de cristal e vidro, móveis de madeira, em miniatura, trabalhados em marfim e a lanterna de prata que adornava a carruagem cerimonial de d. Pedro II, fazendo desse conjunto uma referência nacional.


    Para o Ibram, a Coleção Geyer representa um fenômeno singular na história do Colecionismo nacional, pois é o resultado de uma meticulosa atividade de identificação, localização e captura de objetos de arte conduzida pelo gosto privilegiado de apreciadores das Belas Artes.  “É ao mesmo tempo um registro visual de um longo período da história nacional e um importante capítulo da história cultural brasileira contemporânea”, informou o Instituto. Por causa da Operação Antiquários, o Museu Imperial ficou ontem entre os 10 assuntos mais comentados da rede social Twitter, chegando a ocupar a 3ª posição.

    Veja mais algumas imagens do local:


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