• Petrópolis pode ganhar novo parque nacional ambiental

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  • 05/09/2019 16:00

    Na tarde da última terça-feira (3), aconteceu uma Audiência Pública na Câmara dos Deputados para verificar a possibilidade da recategorização da Reserva Biológica de Tinguá para Parque Nacional de Tinguá. A proposta do deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior, está dividindo opiniões de ambientalistas e moradores das áreas próximas, que sugerem preservação e maior investimento para a reserva. Em Petrópolis, a Prefeitura  acredita que a proposta pode beneficiar o turismo ecológico. 

    No último dia 25, foi feita uma reunião pública com os moradores do Tinguá, em Nova Iguaçu. No encontro, os moradores solicitaram maior infraestrutura do Tinguá para preservação da reserva. O biólogo Vitor Ferreira, do Instituto Pé de Planta, em Miguel Pereira, disse que os moradores reivindicam principalmente a necessidade de manutenção básica da área. “No encontro foi cobrado maior investimento em infraestrutura das prefeituras, algo que parece muito óbvio, mas que as prefeituras não estão preparadas para gerir. Reivindicaram um olhar da gestão federal para a localidade. E ressaltaram que há pontos que podem ser explorados, inclusive do entorno”. 

    A Rebio Tinguá abrange quatro municípios: Petrópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Miguel Pereira. São cerca de 24 mil hectares de reserva. O que ambientalistas e ongs apontam é que há outras áreas já exploradas como parques no Estado, e que a recategorização da reserva pode ameaçar as espécies que ali vem sendo preservadas. No início de agosto, o Conselho Consultivo da Rebio Tinguá entregou um ofício ao chefe da Rebio manifestando o descontentamento com a proposta e cobrando mais atenção com a área. “Os parquistas vem reivindicando o mesmo que nós do conselho, que o governo federal assuma seu papel. A Rebio precisa ser preservada para ser gerenciada. A negligência do governo federal gera margem para outros interesses”, destaca Vitor, que também é membro do Conselho. 

    Outra preocupação apontada pelos membros do conselho é com as invasões nas áreas de amortecimento. Em Petrópolis, a ocupação no Duarte da Silveira iniciou antes mesmo de 1989, quando foi criada a reserva. Por isso, grande parte das construções são dentro da Rebio. Na Baixada Fluminense, além das invasões, a água da reserva abastece grande parte do estado do Rio. Ambientalistas temem a contaminação das nascentes, por causa do fluxo de visitantes.

    Na audiência, a Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados ouviu os convidados, entre eles, o prefeito de Nova Iguaçu (cidade que abriga a maior parte da unidade de conservação), Rogério Lisboa, e foi manifestada a mesma preocupação com a manutenção da Rebio na situação de proteção integral em que se encontra agora. A área é considerada, desde 1993, Patrimônio Natural da Humanidade, na categoria de reserva da biosfera, pela Unesco. 

    “Antes de qualquer discussão ser feita sobre recategorização, é importante observar as condições em que a Rebio está hoje com falta de aporte de recursos. Porque praticamente não existem fiscais, não existem viaturas. Para controlar uma unidade com quase 25 mil hectares é impossível. Antes de pensar em mudar categoria alegando que não funciona, que tem problemas, tem que saber porque que tem problemas. Não existe nenhum tipo de colocação de recursos para que ela funcione adequadamente. Se ela não funciona hoje é por omissão do poder executivo federal”, avalia Ana Cristina Ribeiro, da AnimaVida, e membro do conselho. 

    Em Petrópolis, a Prefeitura vê a proposta de forma positiva, comparando a mudança aos parques que são mantidos pelo governo federal, como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a medida pode beneficiar o ecoturismo. “Para o município é positivo pela questão de turismo ecológico. Claro que trará uma outra demanda para o poder público, como a criação de um pórtico para entrada dos visitantes, e a regulamentação do espaço, mas são demandas do governo federal”, completa o secretário de Meio Ambiente, Fred Procópio. 

    Atualmente, só é permitida a visitação da Rebio com objetivos educacionais. O Plano de Manejo da reserva estabelece os locais onde a visitação pode ocorrer e demais normas associadas. Semanalmente, a Rebio recebe turmas escolares em sua sede. 

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